domingo, 5 de dezembro de 2010

Pai, eu quero um Ipad!


Sorriam, crianças, o Ipad chegou!

Gentem (baixou a Ciça Guimarães),

Em primeiro lugar, perdão pela falta de atualização. Vocês não tem idéia do quanto me penitenciei por esta falta irreparável, deixei até de comprar um vestido fofo que estava com 50% de desconto só para lembrar-me que primeiro a obrigação, depois a diversão. Isso não vai mais acontecer, I promise!

Mas acho que a sensação destes últimos dias é o tal do Ipad, mais um daqueles equipamentos que a indústria da tecnologia inventou para nos fazer sentir obsoletos, ultrapassados, pobres, fracassados e deprimidos e que a única solução para sair das trevas da ignorância e dar sentido a nossa vida vazia é comprar um pelo dobro do preço que estão vendendo nas terras ianques. Eu adoro esse espírito natalino!

Quando anunciaram a chegada ao Brasil nesta última sexta-feira, fãs alucinados já estavam reunidos em bando no aeroporto, segurando cartazes com os dizeres “I love you, Ipad”, “Mim não Ipod mais viver sem você, Ipad”, “Liga pro meu Iphone, Ipad” e outras baboseiras do tipo. Colunistas de fofoca também noticiaram que a nova celebridade internacional teria sido vista aos beijos com Nicole Bahls, que quando indagada sobre o assunto, respondeu: "somos apenas bons amigos".

Aqui no Ceará, povo castigado pela segregação e preconceito by Mayana Petruso, o Tablet não chegou às lojas logo no primeiro dia, deixando em pânico os geeks de plantão. Mas já chegaram boatos de que ele andou dando o ar da graça por algumas lojas do Shopping Iguatemi depois que o Tasso Jereissati ameaçou tomar o microfone e dar uma bifa nos administradores irresponsáveis que com certeza eram petistas disfarçados e permitiram que isso acontecesse. Afinal, depois de levar uma sola do Eunício e do Pimentel, o ex todo poderoso cearense vai ter que vender muito!

Na minha atual situação financeira só mesmo se vendesse um rim para comprar um. Já estava digitando o anúncio para por no Mercado Livre quando uma amiga ligou o DVD do filme “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” e então a crise passou. Afinal, não preciso de um Ipad e ponto final, mesmo ele sendo lindo, fofo e garantisse minha entrada no limitado universo paralelo dos felizes proprietários. Também pensei em inscrever-me no “Porta da Esperança” mas avisaram que o quadro não existe mais e do jeito que o Sílvio Santos tá na pindaíba, se for até lá pedir alguma coisa é arriscado ele colocar a Maísa, o ser de outro planeta que invadiu o corpo de uma garotinha, para me assustar.

Mas quer saber, tenho pencas de livros na estante que nunca li, então pra que ter um trocinho desses para baixar as incríveis obras primas do Paulo Coelho? Ainda mais porque que se eu sentar numa praça com um livro na mão ninguém jamais vai me roubar (é mais fácil darem esmola pensando que sou uma professora desempregada), mas se sentar com um Ipad em menos de 15 segundos vem um infeliz, me assalta e vende o aparelho na outra esquina por R$ 20 pensando que é um Tamagoshi. E eu seria obrigada a correr atrás dele dando-lhe bordoadas com minha bolsa de 2 toneladas correndo o risco de ir para a terra dos pés juntos com menos de 30 anos. Trágico!

Em resumo, antes de irem ao quiosque do HiperCard solicitar seu cartão pra comprar um Ipad, recomendo fazer algo mais útil como realizar o sonho de uma criança neste natal. Ou, quem sabe, promover doações para a festa de aniversário de 30 anos de uma jovem endividada que está louca para comemorar o ingresso na fase balzaquiana. Reflitam sobre isso.

Beijão, bom domingo!

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