quinta-feira, 31 de março de 2011

Minha culpa, minha máxima culpa!!!!!!

Nóis fumo, mas nóis vortemo!
Gentem, bom diaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!

Já posso sentir pelo monitor a radiação transmitida pela energia da cobrança. Dúvidas povoam as mentes: onde andava a Feminista de Arake? Porque o sumiço? Que situação apocalíptica a deixou assim, incomunicável? Teria sido presa? Teria ela sido capturada por fanáticos que perceberam a sua força e poder? Teria sido escalada para a novela "Amor e Revolução" do SBT cujos capítulos já conhecemos de cor e salteado antes mesmo da estréia? Teria sido convocada para o BBB12 e o confinamento começa desde já? Teria ido assistir ao filme da Bruna Surfistinha e resolveu mudar de profissão? Enquanto este blog está abandonado ela constrói outro com o pseudônimo de "Cibernética Safadinha", onde divulga fotos fazendo caras e bocas em cima de um I-pad?

A resposta para todas essas perguntas é NÃO (embora as duas últimas opções não tenham sido totalmente descartadas, sabe como é, a crise tá braba). Na verdade o evento que motivou meu afastamento temporário foram as terríveis e angustiantes AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS da faculdade! Sim, depois de quase 15 anos vagando pelo limbo da ignorância, presa ao status de mera "concludente de ensino médio" quando este ainda era chamado de 2º grau (parece até nome de queimadura), eis que revivi a temível experiência de fazer provas.

Bem que tentei fazer a linha "Tô nem aí!" e provar para meus colegas que ser a vovó da sala tem lá suas vantagens, pois a segurança e tranquilidade são virtudes conquistadas pela vivência. Mas que nada! Era só o professor entrar na sala com o envelope amarelo para minhas mãos gelaram, o queixo tremer e as pernas amolecerem. No entanto sinto que fui bem. Também pudera: estudei feito uma louca! Abandonei trabalho, marido, família, depilação e mergulhei fundo na leitura. O resultado é que agora estou com um tremendo bigode e uma baita Lesão por Esforço Repetitivo no punho de tanto que escrevi. Aliás, acho que os professores devem ter me odiado no momento de corrigir as provas, porque para cada questão redigi uma redação. Até nas opções de marcar eu deixei minha marca.

Em resumo colegas, o motivo do afastamento foi justo, vamos e convenhamos. Afinal, já pensou na desmoralização de entrar numa faculdade aos 30 anos de idade e ainda ser gongada com uma nota baixa? Nem pensar! Preferia o castigo de ficar um mês sem cartão de crédito (e vocês sabem que isso pra mim é a pior das punições). Portanto, é hora de selarmos a paz. Concedam-me de bom grado o vosso perdão pois estavámos em reforma para melhor atendê-lo. E não estranhem se em meio a uma postagem eu escrever que a "Metodologia é um disciplina instrumental a serviço do processo científico" ou que o blog é "um instrumento de comunicação classificado dentro do tipo de mídia eletrônica/digital", pois serão apenas reflexos involuntários desta tortuosa experiência acadêmica!

Um beijo bem grande para todos e um Welcome bem big para mim!

domingo, 13 de março de 2011

Para ser livre de verdade...

A dependência afetiva chega a ser comparada a um vício!
Domingão de sol, aproveitei o dia para estudar e dar uma de dona de casa, cozinhando para o maridinho e organizando o precioso lar. Nada que me tire pedaço!

Como sou carente (embora não assumida, pra neguinho folgado não montar em cima) e detesto solidão, entre uma tarefa e outra deixo a TV ligada para conversar com a Ana Hickman e rir do tombaço que ela levou na Sapucaí, coitada. Mas fina do jeito que a sariema é, foi linda e rica de muleta para o desfile das campeãs no sambódromo, amparada pelo maridão que chega dá nojo de tão bonito e charmoso. Se fosse comigo teria que acordar cedo, pegar ônibus lotado e ainda esconder o machucado com uma penca de band-aid para não levar sermão do chefe por ter passado da conta no Carnaval. Mas tudo bem, um dia chego lá!

Assistindo o TUDO É POSSÍVEL com a loira, que como apresentadora é uma ótima modelo, vi uma matéria sobre cunhãs que foram vítimas de “golpistas do amor” que conheceram pela Internet. Histórias tristes de mulheres enganadas por perfis falsos e palavras amorosas, que tiveram prejuízos financeiros, morais e outras que perderam até mesmo a própria vida.

O interessante é que em meio aos casos apresentados, há vítimas de todas as idades e classes sociais. Algumas muito bem estabelecidas profissional e financeiramente, emancipadas, donas de seus narizes, mas que carregam uma carência afetiva e autoestima comprometida que a fizeram cair na lábia dos criminosos. Para mim isso comprova que da mesma forma que o machismo está presente em todas as esferas sociais, a dependência psicológica e sentimento de inferioridade feminina também atinge um campo muito vasto.

Em parte, atribuo isso aos conceitos deturpados travestidos de “feminismo”. Outro dia comentei minha desaprovação ao conteúdo da Revista NOVA, da Editora Abril, que por vezes me parece excessivo como se a mulher só pudesse seguir duas posturas extremas: a de Amélia (ridicularizada pela publicação) ou de Femme Fatale (um estereótipo explorado exaustivamente pela revista). E além de tudo, com conteúdo contraditório. Numa edição que folheei dia desses enquanto esticava os cabelos no salão, uma matéria de capa me chamou a atenção: era um verdadeiro PLANO DE AÇÃO para a mulher utilizar numa noite de sexo casual que fizesse o sujeito ligar no dia seguinte. Quer dizer, enquanto a revista propaga ostensivamente a emancipação e incentiva as fêmeas a concederem-se os mesmos direitos dos machos (especialmente no que diz respeito ao sexo sem compromisso), ao mesmo tempo “instrui” as supostamente independentes leitoras a alimentar a expectativa do after day que tanto insistem em derrubar. Dependência em sua mais pura e simples acepção, pois a cumadre já segue para uma noite “casual” treinada para estabelecer a conexão. O que teria, então, de casual e natural na experiência estimulada pela revista? Considere-se ainda o fato da cunhã não obter “sucesso” na empreitada: no mínimo vai se julgar incompetente ou analfabeta, por não ter compreendido direito as preciosas dicas. E lá vai ela martirizar-se com culpas e questionamentos do tipo “o que eu fiz de errado?”, “será que ele não gostou de mim?”. Enfim, a mesma postura insegura da imensa maioria das mulheres do mundo, sejam elas ricas, pobres, solteiras, casadas, jovens, maduras, etc. Insegurança essa que é a raiz de tantos problemas relacionados à discriminação e marginalização da mulher na sociedade.

Outra pérola da Revista é um teste para você descobrir que tipo de mulher você é. E dentre os “modelos” previstos no quiz há o meu preferido: para casar! Isso mesmo, aquele velho e absurdo conceito de que há cunhãs que servem e outras que não prestam para ter um companheiro.

Recentemente, numa conversa com meu irmão que é pai de duas garotinhas fofas e extremamente inteligentes, discutimos sobre o nível de perspicácia da mais velha de 5 anos. Ela é uma figurinha apaixonante, muito esperta, tem um senso de humor aguçado, diria até sofisticado para sua idade e todo dia nos surpreende com comentários maduros que soam ainda mais engraçados numa vozinha tão infantil. Relatando alguns episódios do tipo, minha mãe observou que ele deveria investir na educação da menina, para que o potencial fosse bem aproveitado e lhe garantisse sucesso profissional. Concordei de imediato, mas não sem antes observar que, acima de tudo, se trabalhasse a SUA CONFIANÇA E AUTOESTIMA. Porque toda sua bagagem acadêmica, diplomas e conquistas profissionais poderiam ir por água abaixo caso ela caísse nas garras de um sujeito malandro, explorador ou de um homem inconstante e possessivo. E meu comentário teve base o fato de como muitas crianças são criadas dentro do lar, com constantes censuras e zombarias à sua aparência, coisas aparentemente inofensivas, mas que vão incutindo desde cedo em suas cabecinhas a CERTEZA de inferioridade. Algo extremamente nocivo à autoestima e segurança, tão necessárias para sobreviver neste mundo machista e preconceituoso.

Não é fácil ser mulher. Já fui mulher, eu sei! Tenho trabalhado minha autoconfiança a duras penas, quebrando a cara aqui e ali para aprender. E acho que esse processo individual deveria ser colocado acima do ideal coletivo, das buscas pelos direitos a nível social. Até porque para SERMOS CONVINCENTES temos que primeiro NOS CONVENCER daquilo que estamos propagando.

Um beijo e boa semana para todos!

sexta-feira, 11 de março de 2011

De médico e louco todo mundo tem um pouco!

Se existe amor entre nós dois, não me deixe aqui no chão...

Ontem, durante a aula de Sociologia (professor nota 10), assistimos ao filme “Bicho de Sete Cabeças”, com Rodrigo Santoro.

Até então, mesmo conhecendo a trajetória premiada da produção, ainda me privava de assisti-la, pois confesso que tenho um grau de sensibilidade um tanto apurado que por vezes me joga no mundo como folhas ao vento, sujeita aos ares da alegria e da depressão que sopram em diferentes ambientes.

Justamente por reconhecer essa suscetibilidade, o filme me proporcionou uma visão profunda e empática dos fatos. O protagonista, arbitrariamente internado num decrépito hospital psiquiátrico por ser considerado viciado pelos pais, vive uma ciranda de emoções de solidão, abandono, humilhação, raiva, enfim, tudo que terapeuticamente falando não oferece qualquer benefício e levam, é óbvio, ao agravamento do quadro. Ele não seria, como posso dizer, um “louco de nascença”; é na verdade um desequilibrado pela próprio sistema que depois se dispôs a curá-lo.

Quanto a nós, mulheres, somos mais sujeitas à doenças como depressão do que os homens. Estudos apontam os fatores físicos, como as variações hormonais, que no entanto não excluem outras causas. A perda de apoio social ou a ameaça dessa perda, por exemplo, é apontado como algo que pode aumentar a chance de uma mulher ter depressão. O que não é nenhuma novidade. Sentimos na pele todos os dias o abandono e a privação de direitos só por termos nascido fêmeas. E até o fato de externar nossa angústia é vista como um defeito. Mulher forte, de personalidade, uma “Amélia de verdade” passa fome calada e engole o choro pra não incomodar quem está a sua volta. É a mãe que suporta a hostilidade diária do marido, o descaso dos filhos que a fazem de empregada, os mexericos da vizinhança que dá conta de sua vida; é a profissional que sofre pressão excessiva para conquistar e manter seu espaço no mercado de trabalho, que recebe remuneração inferior ao equivalente masculino, que precisa sacrificar a vida pessoal para conseguir ser levada a sério; é a adolescente que inicia a vida sexual vítima de uma sociedade patriarcal que instiga os rapazes a tirar o máximo de proveito da “oferta” e cede seu corpo já bem formado enquanto a cabeça ainda não está preparada para a experiência, gerando a frustração e comprometimento da autoestima que possivelmente vão acompanhá-la por toda a vida; é a menina que nem percebe a passagem da infância porque está sobrevivendo do produto do consumo da sociedade que a exclui, comendo lixo e vestindo farrapos, isso quando não tem o azar de topar com um monstro que irá macular sua ingenuidade com a exploração sexual; é a mulher desgraçada pela brutalidade do parceiro, agredida física e moralmente, que teme denunciá-lo porque sabe que não receberá a proteção jurídica e social necessária; é a homossexual desrespeitada por sua orientação, duas vezes discriminada (por ser mulher e por gostar de mulher). Diz aí: é ou não é uma realidade “de enlouquecer”?

A linha entre sanidade e loucura pode ser muito menor do que imaginamos. Sinto até que a ultrapassamos todos os dias. O caos em que vivemos, a solidão em meio a um mar de gente, a sensação de vazio num mundo bombardeado por informações, tudo isso vai marcando nossa alma. E o preconceito (sempre ele) com a doença mental ainda é enorme. Um bobagem, porque nos entupimos de remédios por conta de uma simples gripe. Porque então privar-nos do tratamento necessário para a cura dos males psicológicos?

Meu sábio pai que já dizia que aquilo que não vemos torna-se mais perigoso, justamente por estar oculto. Ele comentava que quando se chega a um hospital com uma perna quebrada, sangrando, logo corre um monte de gente para atender. Mas se você chega andando, falando, não recebe a atenção que deveria. E se procura tratamento psiquiátrico, então, nem se fala. Se não demonstra sintomas aparentes (se não baba, se bate, ou diz que é Maria Antonieta), ainda é vítima da especulação alheia e do descrédito dos próprios profissionais de saúde. Acontece que por trás daquele rosto inexpressivo em meio à multidão pode estar uma mente inquieta e perturbada, capaz de tirar a própria vida ou a dos semelhantes em meio a um surto.

Já sofri na pele os males da depressão. Praticamente sozinha, isolada em meus pensamentos obsessivos, por vergonha e por medo de revelar minhas ideias desconexas e deixar preocupados amigos e familiares. Afinal, todos tinham seus problemas e os meus pareciam pequenos diante de uma conta de luz atrasada ou da dificuldade para arrumar um emprego, pois eram frutos da minha imaginação, eu que “os inventava”. Essa certeza quase me levou a fazer besteiras irreversíveis, as quais jamais tive coragem de confessar abertamente, e o inferno que vivi me fez enxergar com muita compaixão as pessoas em quem identifico um olhar perdido por trás de um sorriso automático. Sobretudo mulheres. E para elas eu digo: não se permitam sofrer, não se martirizem carregando a cruz sozinha, pois não somos e não precisamos ser super mulheres. Cristo já dizia que devemos amar ao próximo como a nós mesmo. Ou seja, a medida do amor pelo outro está no amor que temos por nós. A louça suja e o jantar podem esperar. Se sente que não está bem, pare e cuide de você mesma sem culpa. O mundo merece mulheres sinceramente felizes, com um sorriso verdadeiro no rosto. Quem te ama, vai te entender e te ajudar!

Um abraço caloroso da sua amiga de sempre!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Uma justa (e atrasada) homenagem!

Mulheres, de todas as idades e todas as cores, como diria Martinho da Vila!
Como diria Nelson Rubens, Ok! Ok! Nada de polêmica. Sei que mereço ser severamente punida pelo descaso com que tratei a tão representativa data de comemoração do Dia Internacional da Mulher. Mas atire a primeira pedra aquela que nunca deixou o namorado esperando horas só porque não sabia qual vestido usar. Portanto, nada de desunião nessas horas. Sou mulher e mereço ser perdoada!

Bom, o dia ontem, para mim, não teve nada de especial. Fora ter ouvido 2.857 vezes aquela tradicional piadinha de que a mulher tem 1 dia, enquanto o homem tem os outros 364, a única coisa de diferente neste ano foi a data ter caído no último dia de Carnaval. Sacanagem, pô! Quem vai lembrar da gente em meio à saideira da folia?

Mas como sempre existe esperança em meio ao desespero, vou transcrever a linda homenagem feita especialmente para as leitoras deste blog, escrita pelo meu colega de faculdade e poeta Edmilson Cisne. Essa é pra vocês, minhas lindinhas da mamãe!

O MESMO NOME (FLOR E MULHER)

Se eu fosse dono do mundo
todas as mulheres seriam belas,
assim como são, o próprio sorriso delas.

Se eu reinasse uma nação,
no meu reinado as mulheres seriam mimadas,
fossem pobres ou ricas, não faltaria dedicação...

Se eu fosse um arco-íris, quanta pretensão!
aí sim, daria a elas opções
das cores dos olhos, pele e cabelos, sem discriminação.

Porém, sou apenas um jardineiro
cuido das flores como se fossem mulheres...
Elas são tão perfeitas e meigas, deveriam ter o mesmo nome.

Gostaria mesmo de ser um garimpeiro,
Sair pelo mundo catando pedras coloridas,
Só para agradá-las, ter como pagamento apenas o sorriso delas.

Mas nada disso é necessário,
porque Deus as criou perfeitas,
e ainda pos o nome de MULHER!

sábado, 5 de março de 2011

Bota a camisinha, bota meu amor...

A doida da Gaga e seu vestido inspirado em preservativo, para fazer campanha contra a Aids.

Carnavalzão começando, aquele clima de festa no ar. Dizem que o ano útil no Brasil só começa mesmo depois da folia momesca e passada a adrenalina, o povão retoma o ritmo normal com direito ao máximo de ressaca e o mínimo de grana. Se a mais tradicional balada de reveillon prevê “muito dinheiro no bolso” em seus versos, o carnaval acaba de vez com essa poesia, porque há quem gaste a última banda só para se jogar atrás do trio sem medo de ser feliz.

Eu, atolada de trabalho acadêmico, estou me divertindo no bloco das apostilas. Massa, né? Mas é como sempre digo: o nerd de hoje é o Bill Gates de amanhã. Mais pra frente quando estiver no “Arquivo Confidencial do Faustão” relatando meus dias de dedicação ao estudo até alcançar o sucesso, você, que agora está tirando onda da minha cara nem me venha com estorinha de dar depoimento dizendo que sempre acreditou no meu potencial. Vou te desmascarar em rede nacional, viu!

Mas assumindo a parcela de responsabilidade social deste blog, quero dar um recadinho especial para a amada ala feminina. Cunhãs, divirtam-se, aproveitem que a vida é de vocês, mas não esqueçam a camisinha!

É fato que a emancipação feminina estendeu seus tentáculos ao campo da sexualidade e as mulheres que aderem às aventuras amorosas e relações casuais são muitas. Não quero nem de longe questionar os valores morais de tal postura, embora eu lamente profundamente quando percebo cunhãs deplorando-se em meio à depravação e a promiscuidade. No entanto, como disse antes quem você pega ou deixa de pegar não é da minha conta. Porém, lembre-se que toda ação gera uma reação e nossas escolhas geram consequências. Muitas vezes graves e irreversíveis. E lamentavelmente existem fatores biológicos e sociais que contribuem para o aumento da incidência da Aids entre as mulheres.

Biologicamente falando somos até 10 vezes, EU DISSE DEZ VEZES MAIS suscetíveis à contaminação durante uma relação do que um homem. Por conta da nossa constituição física, da alta concentração de vírus nos fluidos sexuais masculinos e do maior tempo de permanência em contato com essas secreções. Isso é fato, não é conversa pra boi dormir. Segundo, porque em geral os homens comandam o ato e muitos se recusam a usar preservativo, fato que acaba sendo aceito pela maioria das parceiras, principalmente quando o relacionamento torna-se fixo. O que não dá para ignorar é que, mesmo quando o envolvimento assume um caráter mais firme, é comum para homens até mesmo casados viverem aventuras fora. E o hábito de recusar proteção para não comprometer o prazer, permanece.

Estatísticas mostram que das mulheres que pegam aids 76% são mães, 71% foram contaminadas por maridos ou namorados, 59% descobrem que estão com o vírus depois que o marido adoece, 41% tem entre 25 e 35 anos e 40% trabalham. Ou seja, o caso é sério e o buraco é bem mais embaixo.

Nas relações casuais estudiosos defendem que os casais acabam sendo mais cuidadosos, justamente pelo caráter de risco. Mas num festejo como o Carnaval, embalados por bebibas e axé, o senso de juízo e cautela pode ser comprometido e a folia pode te jogar nos braços dum Zé Mané lindo, sarado e divertido. Mas quem vê cara, não vê coração. A maioria dos soropositivos permanece com o vírus por anos sem apresentar sintomas aparentes. Não dá para arriscar!

Não permita que uns minutos de folia estraguem sua vida e seus planos. Merecemos ser feliz durante toda a existência e não durante 4 dias. Não permita que um simples feriado resulte numa "falha catastrófica" (expressão apocalípstica by @luizaelleres). Então, cunhã, juízo viu! Quero te ver linda, loira e rica acessando meu blog depois do carnaval cantando outro versinho da balada reveillônica. Ou seja, com “saúde pra dar e vender”!

Xêro!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Meu relógio é heterossexual!

Sei não, mas tenho pra mim que esse carro é baitola!

Quando a gente por um instante pensa que o Brasil evoluiu um tiquinho e conseguiu subir um pequeno degrau na escada da tolerância, vem um fato que nos faz voltar à realidade.

Uma reportagem publicada no Jornal “O Povo” de hoje relatou as observações envolvendo um teste vivido por dois atores que tentaram curtir a noite fortalezense vestidos de mulher. A experiência serviu para comprovar o preconceito contra a diversidade sexual nas baladas da capital, curiosamente atingindo um segmento conhecido por ser festeiro e divertido.

Os rapazes foram sumariamente barrados na porta de duas casas noturnas. A alegação do segurança de uma delas era que o impedimento se deu porque a foto no documento apresentado não correspondia a imagem do rapaz. Sei. Mais profissional ainda foi a justificativa da GERENTE de outra casa, que disse à reportagem: “Nossa casa é heterossexual, não é GLS. Não impedimos que mulheres que gostam de mulheres e homens que gostam de homens entrem, contanto que estejam vestidos de acordo com seu sexo e que não se beijem ou se abracem.” Em resumo: somos tolerantes porque aceitamos que você seja você, desde que você não seja você na nossa frente. Legal.

O interessante é que o comentário da gestora Cláudia (a cunhã se recusou a informar seu sobrenome ao jornal) define um novo fenômeno na nossa pitoresca língua portuguesa. Ontem mesmo meu professor de português, um cara que com suas maluquices e caretas consegue evitar que eu durma durante as torturantes últimas aulas, discorreu sobre a relação entre a linguagem e a realidade, que se entrelaçam dinamicamente. E as palavras, a escrita, surgiram como meio de expressão da realidade e se constroem a cada dia. É verdade mesmo. Porque a gerente acaba de criar um novo conceito de gênero. Esqueça essa história de substantivo masculino e feminino. Agora também temos objetos com orientação sexual diversificada. Casa heterossexual, saia homossexual, batom bissexual... Massa, né? Claro que eu, altamente antenada, tratei logo de tentar classificar meus pertences dentro do novo paradigma. Analisando-os cheguei a conclusão de que meu vestido branco de algodão é gay, porque ele é bem fresquinho. Constatei que minha lixa de unhas é bissexual, pois ela serra dos dois lados. Percebi que meu computador é um machão inveterado, pois se recusa a executar meus comandos e vive travando. Enfim, o importante é rotular!

Mas deixando a nóia de lado, volto a essa questão do preconceito. O Brasil até vende para o mundo uma imagem de paraíso de liberdade, tolerância e camaradagem, mas sabemos que não é bem assim. Os altíssimos índices de violência contra a mulher, por exemplo, deixam claro que há algo de podre no reino da Dinamarca. Sem falar na impunidade, tanto da justiça quanto do conceito social que vergonhosamente aceita certos comportamentos. Dado Dolabella, envolvido num notório escândalo de agressão física à Luana Piovani, recebeu uma pena alternativa e ainda ganhou de brinde 1 milhão de reais ao sagrar-se vencedor de “A Fazenda”. Com o voto do público. Ok! Sei que você vai dizer que era a pentelha da Luana Piovani. Mas não justifica de forma alguma, sem falar que sobrou tabefe também para uma frágil senhora que nada tinha a ver com o peixe. Outro exemplar de discriminação é o tal do Diogo, eliminado ontem do BBB11. Cara, na boa, o sujeito já foi tarde! Aquilo não é um homem, é o resultado de uma experiência genética que reúne todos os tipos de preconceito num ser humano só. A entrada e a permanência por tanto tempo desse tipo de gente num programa exibido em horário nobre é uma VERGONHA para o país. Uma afronta, um desrespeito total aos direitos da pessoa humana.

Todos nós guardamos nossa dose de preconceito, isso é fato. E a transformação coletiva se dá a partir da conscientização e do EXERCÍCIO DE MUDANÇA DE HÁBITOS INDIVIDUAL. O tom de humor que usamos para destilar nosso veneno é só um jeito de jogar a sujeira debaixo do tapete. E assim vamos propagando aos poucos a discriminação em pequenas atitudes. Ou grandes, como são os exemplos acima relatados.

Mas do ponto de vista coletivo o que tenho a dizer é que SEM ORGANIZAÇÃO, SEM MILITANCIA OU MOBILIZAÇÃO A COISA NÃO ANDA! Por exemplo, no caso dos travestis barrados nas casas noturnas, porque a classe não se une e não organiza um boicote? Como disse, o público LGBTT é conhecido por seu jeito divertido, baladeiro. Já que não se pode mudar a consciência da classe empresarial e ensinar-lhes um pouco de respeito, então que tal atingi-los em seu ponto fraco, no caso, o bolso? Sacrificar interesses individuais em favor da coletividade é a mais eficiente estratégia de sobrevivência de um grupo. E tem pessoas com quem conversa, papinho simplesmente NÃO ADIANTA! Tem que botar para arrepiar mesmo, sem violência, mas com firmeza e determinação.

Fica aqui meu repúdio às casas noturnas envolvidas nesse lamentável episódio. E fica ainda minha solidariedade à classe discriminada. Não sou santa, não sou perfeita. Mas tento realmente compreender e respeitar as escolhas individuais de cada um, principalmente quando elas não interferem em nada na minha vida. E sinceramente, quem você pega ou deixa de pegar não é da minha conta. Agora, viver num país falsamente democrático que maltrata e humilha uma pessoa gratuitamente é do meu interesse, sim. Não é nessa sociedade que quero um dia colocar um filho para ser criado. Até porque não sei quais escolhas ele irá fazer nada vida e temo que não se encaixar nos rótulos e expectativas da maioria lhe inflija sofrimentos desnecessários que um simples exercício de tolerância permitiria evitar.

Beijos!

terça-feira, 1 de março de 2011

E a Poupança Bamerindus continua numa boa...

Que tal aprender a "botar no seu cofrinho", hein?

Semana passada quase rachei de rir com o relato de uma amiga da faculdade sobre um episódio épico de sua infância. Ela contou que havia pedido para o pai um carrão rosa da Barbie, naquela época em que ainda não existiam as salvadoras lojas de 1,99 e a ausência da indústria de falsificação barata não nos permitia enganar os filhos com mochilas da “Riboqui” ou tênis da “Naique”. Diante de tão singelo pedido, o pobre e desinformado pai caiu na besteira de dizer que daria o presente, sem ao menos consultar o preço. Afinal, que mal poderia existir por trás de um inocente carrinho de uma boneca loira, magra e sorridente? E ainda por cima rosa? É, ele caiu nessa.

No dia da entrega do mimo, a ansiosa filha recebeu o pacotão. Mas ao abri-lo adivinha só o que havia dentro? Um carrão de lata da Primor. Os mais jovens ou aqueles que nunca na vida tiveram a oportunidade de conhecer o lado descolado do artesanato nem devem sonhar com o que estou falando. Mas aqui no Nordeste, há uns 20 ou 30 anos, era comum a venda de brinquedos fabricados manualmente por hábeis artesãos que criavam veículos com aqueles latões enormes de 5Kg de margarina. E não era barato, não! Meu sonho, por exemplo, era ter o mobiliário completo feito com colagem de caixinhas de fósforo, vendidos de casa em casa. Tive que me conformar com um gaveteiro de 3 caixinhas de Fiat Lux todo manchado de cola que eu mesma fiz. Mas a loira abusada não viu por esse lado, não, senhor! Obcecada por seu carrão da Barbie ela foi incapaz de enxergar a mina de ouro que tinha nas mãos e fulminou seu pai com aquele típico olhar de desprezo de uma criança frustrada que ainda não aprendeu o sentido da palavra “falsidade”, coisa que no futuro, quando receberia um sabonete Alma de Flores durante o amigo secreto da empresa depois de ter dado uma camiseta super cara, ela aprenderia a utilizar (Ai, adorei amiga, vou botar no fundo da gaveta para deixar as cuecas do meu marido cheirosas).

Como meu professor de Sociologia ensinou que futuros jornalistas devem aprender a questionar os próprios conceitos de verdade e se colocar no lugar dos outros para compreendê-los, refleti e percebi que esse trauma infantil talvez seja a raiz da maluquice da minha querida amiga loira natural. Está tudo explicado! Aliás, a criatura é tão cruel que até hoje atormenta o pai com essa história, levando o pobre velhinho às lágrimas.

Mas esse momento tocante fez-me refletir sobre a origem do MEU comportamento consumista. Quando era criança desejei muitas coisas que a combinação de vendedor autônomo + costureira dos meus pais não permitiram realizar. Como sempre tive uma postura muito de agir, de ir atrás desde cedo, ainda criança procurei trabalhar pra comprar parte dessas coisas. Fazia bicos de professora de reforço (dei muito beliscão em menino danado), vendedora, carregadora de sacolas e até menina de recados (tá explicada a razão de eu gostar tanto de fuxico).

Essa vivência me rendeu uma postura trabalhadora e independente, disposta a encarar qualquer desafio ou aprender uma nova função, desde que pudesse descolar uns trocados. E foi uma experiência bacana que, conforme comentei no post anterior, conferiu um histórico profissional bem diversificado.

Porém, ao passo que aprendi a sempre arrumar um meio para sobreviver, nunca aprendi algo que hoje percebo ser tão importante quanto ter dinheiro pra se manter: POUPAR! Nas gerações anteriores essa prática era comum. Seja dentro do colchão, seja numa caderneta azul da Caixa, quase todo mundo costumava guardar uns tostões. Hoje, com essa Era consumista onde ter dinheiro sobrando significa correr pro Shopping e torrar tudo numa liquidação, esse costume ficou meio fora de moda. Já cheguei inclusive a ver poupadores sendo chamados de miseráveis. OK! Quem chamou fui eu, mas foi a maneira que encontrei pra justificar minha incompetência diante dessas questões. Quem desdenha quer comprar, é o que sempre digo!

O que ocorre é que passei grandes apuros por causa disso. Ainda mais porque já compartilhei com vocês meu passado profissional kamikase. Então, sair de um emprego lisa por causa de uma discussão boba foi um filme dramático revisto algumas vezes. E mais comum era o fato de sair lisa e também com dívidas, pois eu sempre precisava de um sapatinho fofo, um vestido escândalo, um sofá novo.

O diabo é que mesmo assim demorei a aprender. E precisei quebrar a cara pra valer pra decidir: vou aprender a poupar! É uma tarefa meio complicada. Comprar é MUITO BOM! E a verdade é que a sociedade considera charmoso uma mulher consumista. E a mídia está aí, para nos bombardear com coisas que não precisamos e que nos farão extremamente infelizes se não possuírmos. Uma influência perniciosa que atinge principalmente as crianças que ainda não tem a maturidade para analisar as entrelinhas da mensagem. E os pais, perdidos entre o sentimento que tem pelo filho e o medo das consequências de uma negativa, veem-se praticamente coagidos a realizar todas as suas vontades. Vejo famílias inteiras praticamente governadas por pequenos tiranos, que com gritos de “eu quero” dobram o pescoço dos adultos, numa inversão absurda de referências. E segue-se o ciclo de propagação do consumismo, da satisfação imediatista que turva uma visão previdente da vida. O que vale é o hoje, o PRESENTE (em todas as suas concepções), a juventude, a saúde... Ninguém vai envelhecer, desempregar-se ou passar por atribulações. No mundo de conto de fadas do consumista isso não existe.

Sei que há uma explicação para o meu comportamento, mas não uma justificativa para ainda na fase adulta continuar agindo assim. E compartilhar essa constatação com os leitores é um estímulo, quase um pacto, pois quero e VOU agir diferente. Quem sabe começando a dar o devido valor ao que tenho, tanto no sentido material quanto no campo afetivo. Afinal, a insatisfação pode ser um poderoso combustível para as mudanças e melhorias, mas em excesso vira um veneno que corrói a alma e nos torna infelizes sem motivo e as tentadoras liquidações podem realmente liquidar: tanto nosso bolso, quanto nossa paz!

Beijos!