A dependência afetiva chega a ser comparada a um vício! |
Como sou carente (embora não assumida, pra neguinho folgado não montar em cima) e detesto solidão, entre uma tarefa e outra deixo a TV ligada para conversar com a Ana Hickman e rir do tombaço que ela levou na Sapucaí, coitada. Mas fina do jeito que a sariema é, foi linda e rica de muleta para o desfile das campeãs no sambódromo, amparada pelo maridão que chega dá nojo de tão bonito e charmoso. Se fosse comigo teria que acordar cedo, pegar ônibus lotado e ainda esconder o machucado com uma penca de band-aid para não levar sermão do chefe por ter passado da conta no Carnaval. Mas tudo bem, um dia chego lá!
Assistindo o TUDO É POSSÍVEL com a loira, que como apresentadora é uma ótima modelo, vi uma matéria sobre cunhãs que foram vítimas de “golpistas do amor” que conheceram pela Internet. Histórias tristes de mulheres enganadas por perfis falsos e palavras amorosas, que tiveram prejuízos financeiros, morais e outras que perderam até mesmo a própria vida.
O interessante é que em meio aos casos apresentados, há vítimas de todas as idades e classes sociais. Algumas muito bem estabelecidas profissional e financeiramente, emancipadas, donas de seus narizes, mas que carregam uma carência afetiva e autoestima comprometida que a fizeram cair na lábia dos criminosos. Para mim isso comprova que da mesma forma que o machismo está presente em todas as esferas sociais, a dependência psicológica e sentimento de inferioridade feminina também atinge um campo muito vasto.
Em parte, atribuo isso aos conceitos deturpados travestidos de “feminismo”. Outro dia comentei minha desaprovação ao conteúdo da Revista NOVA, da Editora Abril, que por vezes me parece excessivo como se a mulher só pudesse seguir duas posturas extremas: a de Amélia (ridicularizada pela publicação) ou de Femme Fatale (um estereótipo explorado exaustivamente pela revista). E além de tudo, com conteúdo contraditório. Numa edição que folheei dia desses enquanto esticava os cabelos no salão, uma matéria de capa me chamou a atenção: era um verdadeiro PLANO DE AÇÃO para a mulher utilizar numa noite de sexo casual que fizesse o sujeito ligar no dia seguinte. Quer dizer, enquanto a revista propaga ostensivamente a emancipação e incentiva as fêmeas a concederem-se os mesmos direitos dos machos (especialmente no que diz respeito ao sexo sem compromisso), ao mesmo tempo “instrui” as supostamente independentes leitoras a alimentar a expectativa do after day que tanto insistem em derrubar. Dependência em sua mais pura e simples acepção, pois a cumadre já segue para uma noite “casual” treinada para estabelecer a conexão. O que teria, então, de casual e natural na experiência estimulada pela revista? Considere-se ainda o fato da cunhã não obter “sucesso” na empreitada: no mínimo vai se julgar incompetente ou analfabeta, por não ter compreendido direito as preciosas dicas. E lá vai ela martirizar-se com culpas e questionamentos do tipo “o que eu fiz de errado?”, “será que ele não gostou de mim?”. Enfim, a mesma postura insegura da imensa maioria das mulheres do mundo, sejam elas ricas, pobres, solteiras, casadas, jovens, maduras, etc. Insegurança essa que é a raiz de tantos problemas relacionados à discriminação e marginalização da mulher na sociedade.
Outra pérola da Revista é um teste para você descobrir que tipo de mulher você é. E dentre os “modelos” previstos no quiz há o meu preferido: para casar! Isso mesmo, aquele velho e absurdo conceito de que há cunhãs que servem e outras que não prestam para ter um companheiro.
Recentemente, numa conversa com meu irmão que é pai de duas garotinhas fofas e extremamente inteligentes, discutimos sobre o nível de perspicácia da mais velha de 5 anos. Ela é uma figurinha apaixonante, muito esperta, tem um senso de humor aguçado, diria até sofisticado para sua idade e todo dia nos surpreende com comentários maduros que soam ainda mais engraçados numa vozinha tão infantil. Relatando alguns episódios do tipo, minha mãe observou que ele deveria investir na educação da menina, para que o potencial fosse bem aproveitado e lhe garantisse sucesso profissional. Concordei de imediato, mas não sem antes observar que, acima de tudo, se trabalhasse a SUA CONFIANÇA E AUTOESTIMA. Porque toda sua bagagem acadêmica, diplomas e conquistas profissionais poderiam ir por água abaixo caso ela caísse nas garras de um sujeito malandro, explorador ou de um homem inconstante e possessivo. E meu comentário teve base o fato de como muitas crianças são criadas dentro do lar, com constantes censuras e zombarias à sua aparência, coisas aparentemente inofensivas, mas que vão incutindo desde cedo em suas cabecinhas a CERTEZA de inferioridade. Algo extremamente nocivo à autoestima e segurança, tão necessárias para sobreviver neste mundo machista e preconceituoso.
Não é fácil ser mulher. Já fui mulher, eu sei! Tenho trabalhado minha autoconfiança a duras penas, quebrando a cara aqui e ali para aprender. E acho que esse processo individual deveria ser colocado acima do ideal coletivo, das buscas pelos direitos a nível social. Até porque para SERMOS CONVINCENTES temos que primeiro NOS CONVENCER daquilo que estamos propagando.
Um beijo e boa semana para todos!
lu mais uma vez você arrasou.
ResponderExcluirParabéns
Oi Luciana! Nosso professor tem razão, muito bom seu blog! O assunto, embora aparentemente desgastado, é colocado aqui de uma maneira muito divertida e atual, seu olhar traz uma renovação, gostei mesmo! Beijo =)
ResponderExcluirAgradeço demais o carinho e a disposição de leitura dos meus queridos colegas. Cinthia, também vi seu blog e achei lindo, profundo e sincero. Todas as mulheres podem e devem posicionar seus pensamentos e emoções, "sem medo de ser feliz" (lema do blog feministadearake). Obrigada!
ResponderExcluirOi Lulu, estou com saudades de você querida. Meus dias merecem um pouco da sua intelectualidade rs
ResponderExcluirEsses dias que esteve OFF a fez perder um grande momento para nós blogueiros. Foi a Blogagem Coletiva. Aqui você poderá entender um pouco mais do que me refiro:
http://trendcoffee.cc/post/4133421553/lista-de-posts-ser-blogueiro
Aguardo o retorno das atividades no Feminista de Arake. Abração