Cartilha da mulher poderosa e realizada: pise no outro com firmeza, mas sem descer do salto! |
Bom dia, amados leitores!
Última sexta-feira do ano, tem coisa mais gostosa? Bom, eu já estou aqui, curtindo os derradeiros dias de 2011, um ano que foi marcado por mudanças. Algumas, muito boas. Outras, nem tanto.
Quanto à saúde, posso dizer que estou igualzinho ao Chapolin Colorado: todos os meus movimentos são friamente calculados. Aceitei o fato de que tenho um problema na coluna que não pode ser ignorado. Portanto, atos comuns do dia a dia, como sentar, levantar, deitar, andar e outras “cositas más” (ficam a cargo de vossa imaginação) precisam ser bem planejados antes de serem executados. Isso se eu não quiser passar mais uma semana travada em cima de uma maca dura e fria de um hospital do SUS. Então, paciência: é melhor devagar e sempre do que rápido e letal!
Em relação às expectativas para 2012, posso dizer que não são tão extraordinárias assim. Na verdade a única coisa que preocupa é saber que não poderei mais usar os charmosos chapeuzinhos, já que o novo acordo ortográfico só nos permite escrever do jeito antigo (que por sinal, demoramos séculos para aprender) até o final deste ano. Tudo bem, eu sobrevivo.
Mas a razão pela qual resolvi escrever hoje é outra. Como está todo mundo naquele clima de alegria, felicidade, esperança e falsidade (aposto que você vai abraçar aquele seu vizinho odioso na hora da virada, mas depois vai fazer a egípcia pra ele), eu, que sou má e cruel, decidi fala sobre um assunto mais deprê: as decepções afetivas.
Sim, pode pegar seu Prozac e uma caixinha de lenços, porque vamos entrar no túnel do tempo da dor e do desespero.
Quem nunca se decepcionou? Pode ser com um amigo querido, um familiar preferido, um companheiro idolatrado, um colega de trabalho admirado, enfim... Todo mundo já quebrou a cara. Ah! Você ainda não? Bom, pelo menos já sabe o que o futuro lhe reserva (eu avisei que estava ferina hoje). Mas é sério. Decepções e frustrações unem seres humanos e mulheres em salão de beleza tal qual os pólos negativo e positivo de um imã se atraem. É a lei do oeste!
E depois da decepção, lá se vão os questionamentos obsessivos (Porque ele fez isso? Porque justo comigo?), as noites mal dormidas e as indiretas no facebook. Ou no Orkut, se você ainda está curtindo uma fase demodê. Não é nada fácil superar e por mais que lhe digam que isso é bobagem, que ninguém merece todo esse sofrimento, a verdade é que você vai sofrer. E só o tempo vai curar. Ou não, se a sua “nóia” for caso de internação. Vai saber!
De repente pode estar se perguntando: mas Feminista de Arake, você veio até aqui só para dizer o que já sabíamos? Não tem nem uma formulazinha mágica, receita caseira ou livro de autoajuda para recomendar? Ih! Furou! Não tenho mesmo, fofa. Até porque, se tivesse, não sofreria com as MINHAS decepções, né?
Na verdade o que mais me motivou a escrever foram as mudanças de valores e de características de personalidade que por conta dessas frustrações, aprendemos a valorizar e a almejar para nós mesmos. Durante toda a minha vida, escutei continuamente (especialmente dentro do seio familiar) o quanto eu era tola, boba e besta. Em outras palavras, uma abestada, como diria o Deputado Tiririca. Tudo isso porque sempre me preocupei com pessoas a quem queria bem (independente de serem familiares, amigos ou companheiro) aparentemente num grau maior do que a contrapartida. E claro que isso ocasionou, durante toda a minha vida, situações muito sofridas de decepção. Em parte, foi essa a razão de boa parte das dores físicas que hoje carrego.
Exageros à parte (que devem ser coibidos pelo nosso próprio bem), e avaliando de uma forma geral, o que tenho a dizer em autodefesa é que não me considero, por conta de tudo que já aconteceu, o lado errado da história. Quer dizer, eu posso até ter errado na forma de “jogar o jogo”, que talvez fosse muito mais complexo e cheio de regras do que fui capaz de perceber. Mas jamais vou admitir que mereço ser condenada pelo meu sofrimento tendo em vista a forma confiante e sincera com a qual me entreguei. Se são, efetivamente, as motivações que fazem toda a diferença (já que atos aparentemente perfeitos podem esconder intenções bem ardilosas), porque aceitaria que agi ERRADO quando meu único combustível era um sentimento sincero de amizade, amor e preocupação com o outro?
Infelizmente, o que ocorre nesses casos é uma inversão absurda de valores. A sociedade, para efeitos de “bandeira” (que tem uma turma que adora levantar de todo tipo, sem nem direito saber porque), pode até enaltecer e propagar admiração pelos Prêmios Nobel da Paz. Mas na prática, no dia a dia mesmo, inveja e sente vontade de ser aquele que sai atropelando Deus e o mundo e obtêm sucesso sem preocupar-se com os sentimentos alheios. Tudo numa tentativa louca de tentar ser do mesmo jeito, blindados contra o sofrimento e a decepção, já que aparentemente esses super-humanos nem sonham o que é isso.
Mulheres fatais, praticamente fêmeas andrógenas que para todos os efeitos desconhecem noites de amargura e lamento pela perda de um amor. Pelo contrário: dispensam os míseros e condenados homens que tem o azar de por ela apaixonar-se.
Homens poderosos, colecionadores de conquistas e vitórias. Estão sempre seguindo em frente, caminhando sem olhar para trás. Se alguém se atreveu a cruzar seu caminho e alimentar (ou ter alimentado) suas esperanças, azar o do cristão. Ou melhor: culpa do “besta” que deveria ter detectado automaticamente a roubada em que se meteu, não importa o quão frágil estivesse esse cristão, ou o quão sincero fosse seu desejo de fazer o bem àquele exemplar majestoso de poder e sucesso!
No fundo, parece que ninguém mais admite sofrer em hipótese alguma. A tristeza, inerente à condição humana, tornou-se praticamente um erro imperdoável, uma condição inaceitável, quase uma falta de educação. O mundo de hoje é alimentado por todo tipo de ilusões. Queremos assistir seriados para rir, tomar uns tragos para curtir, ouvir uma música animada para se jogar... Não pode sobrar espaço para parar e pensar no vazio que todos carregamos e nas lembranças ruins que todos guardamos. Depressão, ao que parece, nunca esteve tão na moda e, ao mesmo tempo, tão fora de moda. É tão fartamente diagnosticada (Dr. Google que o diga) e, ao mesmo tempo, tão largamente negligenciada. Todo mundo sabe que existe. E muito. Mas ninguém quer se deparar ou encará-la. Seja em si mesmo, ou em alguém que está passando por isso. Não se pode abrir espaço para o sofrimento, pois antes um sorriso falso do que nada, não é? Bom, pelo menos é o que dizem...
Felizmente, alguns estudos tem caminhado no sentido inverso. Novas pesquisas na área da psicologia revelam que a depressão pode, sim, ter seu lado produtivo e positivo. E que, talvez, entupir um depressivo de remédios que equilibrem os níveis de endorfina e lhes garanta a felicidade artificial (pelo menos durante algumas horas) não seja exatamente a solução mais eficaz para o problema. Afinal, se você não confronta o que lhe aflige, se não conversa sobre isso e apenas encalca e maquia a sua dor, como poderá verdadeiramente saná-la por definitivo?
Quanto a mim, me orgulho de “ser uma besta”. Uma besta que ama, que se doa, que sente prazer em fazer coisas que garantam o bem estar daqueles a quem eu quero bem. Se vou quebrar a cara? Certamente. Muitas vezes. Talvez a única coisa que ainda precise aprender é a ME AMAR MAIS. Não para que esse amor próprio me isole num pedestal e me afaste de todas as pessoas (afinal, todos os seres humanos são perigosos e ingratos em potencial) e me prive da delícia que é proporcionar um momento de alegria para os alvos do meu afeto. Mas para que, durante a próxima decepção, possa me valer a certeza de que fiz tudo que estava ao meu alcance. E essa consciência tranquila seja o suficiente para garantir um sorriso sincero no meu rosto, apesar de toda a tristeza.
Feliz 2012!
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