Há poucos dias vi um “protesto” de um
desses alienígenas intelectuais revoltados pela malfadada sina de terem sido
expulsos de seu Éden Cultural e nascido em meio a um reduto de seres inferiores
que torturam sua mente privilegiada com comentários idiotas e hábitos
desprezíveis.
Acreditava ser esse comportamento apenas
uma exclusividade de artistas de emissoras badaladas com egos inflados pela
aclamação midiática ou de gênios consagrados que perderam a paciência com as mesquinharias
exaustivamente expostas através dos meios de comunicação. Afinal, de um jeito
ou de outro, em ambos os casos, os “reclamantes” adquiriram tal direito, seja
pela ilusão de poder criada a partir da idolatria praticada ao seu redor (no
caso dos “artistas globais”), seja pela vasta contribuição que de fato deram à
cultura (caso, mais justo por sinal, dos gênios consagrados).
Embora o bom senso e a empatia nos permita
compreender alguns acessos de rebeldia (considerando o arsenal de futilidade
bombardeado pelos quatro cantos do mundo), não raramente nos deparamos com verdadeiros
exemplares de arrogância e prepotência autointitulando-se a elite da cultura, o
suprasumo da intelectualidade, mártires do “Movimento Inquisidor em prol da
ignorância”.
Aquela atriz magricela Thaila Ayala protagonizou
um desses espetáculos de empáfia, numa entrevista à Revista Gloss (edição 47, Agosto 2011), quando
comentou que o momento de transição em que o planeta está passando irá
favorecer a sua “espécie” superior, expurgando da face da Terra toda essa
plebe ignorante e deixando no planetinha azul apenas os “evoluidíssimos”, grupo
do qual ela se julga inserida. E que mal pode esperar por esse momento,
ainda que as previsões sagradas preconizem desgraças, cataclismas e morte.
Fazer o que, a moça é “evoluída”, né? Tem passaporte garantido para a primeira
classe no evento apocalíptico da hecatombe mundial.
Se o piti da “pseudo-atriz-modelo-namoradadopaulinhovilhena”
já é digno de pena (pra dizer o mínimo), o que dirá desses que nem sequer se
sabe de que canto saíram. De onde veio, para onde vai. Esses que lêem uma crônica
como “A Revolução dos Idiotas” de Nelson Rodrigues e não apenas se identificam como ainda se equiparam ao autor, chegando a derramar lágrimas de emoção por finalmente encontrarem
alguém que tenha tido o privilégio de acompanhar seu brilhante raciocínio incompreendido, compartilhando da dor de ter renunciado de seu lugar no Olimpo para vir a
Terra cumprir a dolorosa missão de fazer avançar os Chimpanzés que a povoam.
Concordo plenamente que presenciamos a
vulgarização e a banalização da informação. Que existem milhões de aspirantes à
fama cometendo exageros em todas as esferas e em todos os níveis imagináveis. Exageros
esses justificados por termos da moda, como o exerício do “Marketing Pessoal”,
da consolidação de um “Networking” e até do receio de serem vítimas do “anafalbetismo
digital” e excluídos dessa nova era de modernidade que requer a exarcebação da
exposição. Porém, entendo mais ainda que absolutamente ninguém seja obrigado a
se colocar como vítima indefesa dessa realidade, nem que precise
necessariamente ser avesso a todo e qualquer tipo de ferrramenta de
comunicação a fim de evitar ser "contaminado" pela sujeira das massas.
Praticamente todas as redes sociais possuem
recursos de controle e personalização do conteúdo. Isso, é claro, se você
quiser cadastrar-se em uma. Não preciso comentar sobre novo líder do BBB, saber do último
bafão da briga da Galisteu ou conhecer de cor a letra do hit “Esse Cara sou Eu”
pra me sentir inserida nesse mundo. Sofrer preconceito por não saber o que
aconteceu com a Morena do Salve Jorge? Porque todo mundo sabe e eu não?
Sentir-me excluído, oprimido, defasado? Meu bem, você só sente isso SE VOCÊ
QUISER. Se não estar por dentro de nada disso REALMENTE SIGNIFICAR ALGUMA COISA
PRA VOCÊ. Ora, bolas, como posso me sentir excluído de um grupo do qual nunca
julguei fazer parte? Dane-se. Agora se isso de fato é um incômodo, acho que precisa
rever não o fato de considerar-se A VÍTIMA dessa sociedade vulgar, mas sim, se realmente
as suas convicções e sua “superioridade intelectual” são tão suas assim. Se seu
discurso de supremacia ariana não é, na verdade, DESPEITA por não estar sob os
holofotes da mesma fama que tanto critica.
Que cada um faça o seu caminho. Que cada um
expresse suas idéias. Que cada um exerça o direito de expor sua preferência ou
rejeição por A ou B. Mas que, sobretudo, antes de fazer isso, possamos ser
sinceros e autênticos com aquilo que sentimos, aquilo que fazemos e aquilo que
dizemos. Deve ser nesse sentido o nosso maior esforço: autoconhecimento. Porque
quando essa harmonia ocorrer já haverá maturidade suficiente para trilhar o
próprio caminho sem a necessidade de ridicularizar e humilhar pessoas
só para mascarar a debilidade da autoestima, ainda carente e desejosa do veneno que rejeita.
* O título dessa postagem é uma frase de Arnaldo Jabor!
* O título dessa postagem é uma frase de Arnaldo Jabor!
Amiga Lulu,
ResponderExcluiro título da postagem sintetiza perfeitamente todo o "desabafo" que escreveu. Engraçado que, ao ler o penúltimo parágrafo, me veio na mente uma situação que me ocorreu recentemente.
Um amigo enviou uma mensagem para mim e mais um grupo de amigos no facebook comentando sobre "a morte da sereia". Luciana, essa mensagem gerou um grande bate-papo naquele facebook e eu apenas disse: "Sereia? Oi?". Aquilo não significava necas pra mim.
O melhor foi a resposta do meu amigo: "Jeff, tu é cult demais pra essas coisas." Ou seja, é o meu grupo de amigos, um assunto em comum, mas é uma parte do mundo que pertenco e que estou excluido ao mesmo tempo,e nem me sinto mal por isso. E é exatamente como disse, só se sente assim QUEM QUISER. Sei o que sou, sei das minhas preferências e AMO aqueles que se assemelham a mim. Os que não são assim, AMO do mesmo jeito. Afinal, há sempre algo que possa ser aprendido com eles. Na vida, tudo é uma relação de troca. O que vai, volta. Enfim...
A protagonista da sua postagem carece de identidade,o que não deixa de ser também uma grande falta de autoconhecimento. Pena dela.
Beijos*
Jeff, meu querido, mais uma vez sinto-me grata por sempre prestigiar minhas postagens não somente com a leitura, mas também com suas observações! É uma honra pra mim!
ExcluirA última parte de seu comentário, em especial, traz uma outra questão fundamental que deixei de abordar e que reflete a mais pura verdade: "Há sempre algo que possa ser aprendido... Na vida, tudo é uma relação de troca". Felizes e abençoados aqueles que tem INTELIGÊNCIA EMOCIONAL para transitar em tribos diferentes, esferas diferentes, lidar com pessoas diferentes. Vivem mais felizes, pois são mestres na convivência!
Parabéns, amigo, te adoro!