segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Descendo até o chão!!!

Eis a nova musa do feminismo pós-moderno!

Boa tarde, meus amores!

Hoje minha segundona começou um pouco diferente, pois neste final de semana ocorreram fatos pitorescos e, porque não dizer, chocantes, que provocaram uma reflexão profunda no meu inquieto ser pseudo-feminista.
 
Minha vida, como a maioria já sabe, é uma montanha-russa de aventuras sem fim. Meus gostos e preferencias tendem a variar com tanta frequência que já me levaram até a concluir um autodiagnostico de Bipolaridade atestado pelo sábio Dr. Google. Fazer o que, eu sou assim!

Pois bem, a bola da vez são as experiências gastronômicas. A convivência no trabalho com uma cozinheira de mão cheia, que vive nos mimando com purês e creminhos engordativos, acrescentou à minha personalidade uma visão mais simpática e curiosa em relação à culinária, outrora tão temida. E motivou meu ingresso autodidata neste universo de temperos, aromas e sabores.

Como consequência, resolvi submeter meu corajoso marido aos experimentos, até porque ele é o único que não corre o risco de reclamar (na minha frente) dos resultados das minhas entusiasmadas e bem intencionadas tentativas.

As prévias demonstraram que – pasmem - eu tenho certo talento. E empolgada, mandei brasa no fogão surpreendendo o meu amado com algumas iguarias.

A peculiaridade da experiência despertou um pensamento tragicamente bem humorado, quando comparei a diferença da época de namoro e do casamento. A distinção na forma de “surpreender” o companheiro ficou evidente, já que na fase mais apaixonada costuma-se impressionar com uma lingerie. Ousadia que no futuro é substituída pela ideia de aguardá-lo com um prato saboroso e elaborado. Mas vá lá, é tudo comida mesmo!

O devaneio cômico logo deu lugar ao pânico quando percebi que eu, uma feminista fajuta que adora usar a desculpa da militância quando esta lhe convém, estava lá, com as mãos fedendo a alho e o pensamento absorvido pela perspectiva de novas receitas.

Culpada, corri para o quarto e retirei da gaveta um sutiã, no intuito rebelde de queimá-lo, só para me redimir perante a causa maculada. Mas ao observar o detalhe da renda gripir, o tecido acetinado e, principalmente, ao recordar o quanto custou, a minha porção capitalista acabou falando muito mais alto do que a feminista. Envergonhada, voltei a guardar a lingerie agradecendo aos céus por ninguém ter presenciado toda aquela frescura.

Acontece que eu estava determinada a me penitenciar de qualquer forma. E saí à procura de um manifesto da Simone de Beauvoir ou coisa parecida, mesmo sabendo que a bonita na verdade também era uma feminista do Paraguai que alimentava o sonho inconfesso de ser o tapetinho do amante americano.

Enfim, fuçando meus arquivos encontrei um artigo da Revista Superinteressante intitulado “O Funk é Feminista”, onde, basicamente, a autora defende que as funkeiras, com suas letras picantes e suas coreografias libidinais, representam o novo feminismo. E que rebolando até o chão e passando o rodo geral elas estão, no fundo, dando um exemplo de resistência à opressão e exigindo o prazer sexual. A cereja do bolo do texto ficou por conta do pretenso rompimento dos padrões de beleza esquálidos defendidos pela mídia. Ah, vá! Como se os homens brasileiros detestassem aqueles popozões gigantes e preferissem, na prática, as modelos magrelas de passarela.

Antes de me revoltar com a cunhã e encher o e-mail da revista com comentários e reprovações eu pensei que, talvez, ela tenha sido mais muito mais inteligente e astuta do que imaginei. Não, não estou dizendo que concordei com a maluquice. Mas veja bem, até então eu nunca tinha sequer ouvido falar da racha. E agora, depois da polêmica, certamente seu passe bombou. Polêmica é bom e sempre rende dividendos, ainda que à custa de conceitos e métodos duvidosos.

E ela não é a única. Na faculdade de jornalismo iniciei essa discussão dentro do meu grupinho maligno, carinhosamente batizado de “As Cobras”, composto de figuras tão inteligentes quanto controversas, com estereótipos típicos: da loira gostosona ao gay da periferia, passando pela balzaquiana sarcástica que adorava provocar. Unimo-nos intensamente ao passo que éramos odiados e incompreendidos em nosso deleitante recolhimento. Praticamente um reduto de gênios. E o grupo não passou incólume às especulações e, a nós, foram atribuídos comportamentos e opiniões que nem de longe representavam os assuntos que pautavam nossas discussões hilárias, geralmente temperadas por temas maliciosos e confissões muito particulares. Sabe como é, a magia do desconhecido. Como nenhum de nós tinha vocação pra vítima, foi mais fácil nos atribuir uma postura de algozes e logo fomos acusados de que, em nossa reclusão, disfarçávamos um empenho sádico de reprimir e denegrir colegas que, certamente enciumados diante do nosso ar blasé, deram um jeito de, em sua delirante imaginação, fazer parte das nossas conversas da forma mais pejorativa possível. Do dia pra noite nos transformaram em nazistas, facistas e, pior ainda, praticantes de bullying da pior espécie.

Na maioria das vezes ríamos muito dessas situações absurdas. Mas como éramos acadêmicos de jornalismo e estudávamos sobre o poder que as estórias fantasiosas (o popular FUXICO) tem no processo de corrupção da verdade, também abrimos espaço para uma conversa séria sobre os rumos surreais que as coisas estavam tomando, principalmente nas ocasiões em que o caldo ameaçou entornar. E discutindo sobre todos os ângulos que podem haver numa pretensa “VERDADE”, descambamos para o terreno dos IDEAIS.

Hoje, parece que levantar bandeira virou moda. Seja ela qual for e independente do fato de você realmente acreditar ou vivenciar aquela ideologia. Parece que a graça mesmo é segurar o mastro e se mostrar antenado com as novas diretrizes politicamente corretas do mundo moderno. E, se possível, jogar sua pitadinha no meio desse caldeirão.

Acho que foi mais ou menos isso que a autora do artigo quis fazer. Em meio a um universo desgastado de discursos feministas, ela trouxe à tona uma ótica totalmente diferente sobre o mesmo tema. Ou, quem sabe, simplesmente inventou algo para atiçar os ânimos e se autopromover.

Minha cara, não te julgo. Na verdade até invejo sua ousadia. No terreno das ideias toda novidade que emerge tem sua contribuição, ainda que seja o de instigar o debate (o que, de fato, aconteceu).

E em homenagem à sua controversa bandeira, vou até parar pra pensar no proveito que posso tirar dessa visão tão “exótica” sobre o novo feminismo. Quem sabe eu chegue à conclusão de que devo mesmo é colocar um short minúsculo e ficar balançando a bunda pra lá e pra cá, porque varrer casa é humilhante demais!

Boa semana pra vocês!
Beijos,

sábado, 15 de setembro de 2012

Abarcando o mundo com as pernas!

Escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore... será que ainda é suficiente???


Olá, meus amados leitores!

Eu sei que esta saudação efusiva pode contrastar com a aparente indiferença demonstrada pela ausência de postagens. Mas acreditem, tal ausência foi sentida principalmente por eu mesma, que tenho por este espaço um carinho especial.

O que ocorre é que as inúmeras obrigações cotidianas impendiam novas atualizações e bloqueavam as inspirações. Era o trabalho que consome além da conta, a pia cheia de louça que parecia dar cria ao final de cada lavagem (sim, eu lavo louça, pelo menos de vez em quando), a família que carecia de atenção, a saúde que reclamava cuidados, as atividades religiosas necessárias ao bem-estar e, sob o pano de fundo de tantas urgências, a lembrança de um blog abandonado martelando na minha consciência já sobrecarregada por tantos fardos mal administrados.

E, para vocês verem como são as coisas, foi justamente durante a resolução de uma dessas cobranças (a louça suja), que o pensamento inspirador surgiu concatenado à angústia que me oprimia por não poder fazer tudo o que gostaria e tão bem quando achava que deveria.

Enquanto lavava a louça, agradecia aos deuses pela chance de distrair meus pensamentos da lembrança de uma bandeja de Chambinho, o queijinho do coração, que estava guardada na geladeira. Sim, meu bem, porque na minha infância (época de extrema pindaíba em que não havia Bolsa Escola para prover os caprichos de uma criança chantagista), um dos meus sonhos de consumo era comer um Chambinho sozinha. A carência dessa iguaria era tão sentida pelo meu pobre ser pequenino que quando era abençoada por tal dádiva, eu degustava o minúsculo potinho com um garfo, para demorar mais para acabar. E escondida, é claro. Não que fosse egoísta, muito pelo contrário: como irmã mais velha era duro engolir alguma gostosura furtiva com a lembrança de dois irmãos menores chatos e implicantes a cobrar-me as obrigações fraternas. Mas com o Chambinho a coisa era diferente, tamanho o valor que tinha para mim.

O que ocorre é que hoje - vejam só a ironia - tenho de me controlar para não atacar a bandeja inteira, já que a menina magricela deu lugar a uma mulher madura e bem fornida, que sofre horrores para perder peso. E a culpa por não querer dividir o Chambinho com as outras criancinhas deu lugar à culpa pelo esforço de resistir à tentação enquanto no mundo inteiro, tanta gente passa fome. Ou seja, o motivo mudou, mas a culpa ainda está lá, a comprimir a minha lombar (até rimou!).

Bom, agora que eu já protagonizei meu momento de divagação e delírio, vou entrar de vez no tema que é a ansiedade do mundo moderno.

Há alguns anos, a sabedoria popular afirmava que qualquer fulano seria feliz se completasse sua missão na Terra, sintetizada pela máxima: “Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho.”. Pois é. Mas hoje, diante de um mundo tão competitivo, abarrotado de ofertas, tentações, informações e cobranças acho que se eu ESCREVESSE UM FILHO, PLANTASSE UM LIVRO E PARISSE UMA ÁRVORE, ainda assim não seria suficiente. Parece que não basta mais ser BOM, você tem que ser O MELHOR! Tarefa quase impossível diante de uma humanidade que alcançou as estatísticas dos bilhões em que quase todos também querem ser “O MELHOR”.

E aí? Quem é o Juiz? Quem decide essa parada? Quem fiscaliza o páreo? Fica difícil saber. Estamos todos nadando perdidos num oceano de variedades e diversidades, como náufragos que precisam se manter desesperadamente na superfície, bem visíveis, ainda que demos braçadas sem rumo e sem destino, sem saber onde está a terra firme. E a profundidade submersa nos parece por demais assustadora, já que nos vemos praticamente obrigados a estar onde todos estão: de preferência até acima dos demais, nem que seja preciso brotar asas no lugar onde a natureza nos deu braços.

Para nós mulheres, premiadas por uma dose extra de ansiedade hormonal, essa angústia pode ser ainda mais devastadora. Porque saímos do casulo da mesmice e dos limites sufocantes do passado. Dos destinos previsíveis de mães, esposas e donas-de-casa, encontramos um universo de possibilidades: novos espaços, novas metas, novos caminhos a percorrer. Mas ainda nos encontramos presas às cobranças culturais e ficamos profundamente divididas diante das novidades a usufruir e descobrir no mercado de trabalho, na política, nas artes, nos esportes, enquanto os deveres “tradicionais” permanecem na nossa lista de prioridades. Nesse ínterim, muitas mulheres são massacradas pela ideia de serem excelentes profissionais, vencendo o machismo através de resultados espetaculares e comportamentos irrepreensíveis, enquanto sofrem com a dúvida diante da maternidade tardia ou mal exercida. E de quebra, ainda precisam manter-se sempre lindas, jovens e atraentes, prontas para o príncipe encantado que caiu do cavalo branco bem em cima de uma Ferrari vermelha.

Não que essas novas conquistas sejam uma coisa ruim. Muito pelo contrário. São justas e necessárias. Mas o mundo moderno, tão corrido e inquieto, ao invés de nos proporcionar a liberdade de escolha parece nos aprisionar num arsenal de novas obrigações. E na urgência de fazer tudo, de provar tudo, de experimentar tudo da forma mais profunda e satisfatória possível, fica difícil dizer o que verdadeiramente ESCOLHEMOS ou o que ESCOLHERAM PRA NÓS! No final das contas pode ser que estejamos apenas cumprindo metas diferentes do passado, mas ainda assim, cumprindo metas e padrões estabelecidos pelos outros e não por nós mesmas.

O que vale aqui é uma mensagem sincera de reflexão, ao qual me comprometo (de boa, sem pressão) a compartilhar. Antes de nos jogarmos diante de meta, de um objetivo aparentemente essencial à felicidade e que represente a idealização de uma vida plena e satisfatória, paremos um instante para pensar se realmente QUEREMOS aquilo ou se apenas projetamos mais uma peça desse quebra-cabeça sem fim. Pode ser que o que tanto almejemos como satisfação seja justamente a causa da insatisfação. Nada que não surja do nosso oceano de profundidade pode ser realmente completo. O que está na superfície é apenas uma minúscula parcela da complexidade humana. E jamais conheceremos essa profundidade enquanto continuarmos a procurá-la ACIMA DA SUPERFÍCIE. Concentremos, então, nossos esforços em mergulhar e conhecer nossos desejos mais profundos e sinceros, para depois comprarmos o ingresso do parque de diversões e gozar da vida aquilo que verdadeiramente nos fará felizes, mesmo que o brinquedo escolhido seja o batido carrosel ou um brinquedo novo e nada convencional. O que deve estar em jogo é a SUA ESCOLHA!

Beijos,