E aí, majestade, tá achando que é fácil? Então raspa a tua juba agora! |
Falar
mal da programação da TV aberta é praticamente um pleonasmo! E um pleonasmo
BEEEEEM vicioso, pois ainda que a gente critique e reclame, continua a assistir, como se não
houvesse nada de mais útil pra fazer. Afinal, como você acha que eu cheguei ao
tema do post de hoje? Lendo Dostoievski
é que não foi, né, meu bem!
Mas entendam as minhas razões. Confinada aos limites sufocantes do
quarto e dividida entre um netbook chinfrim que trava à cada meia-hora, uns
gibis da Mônica dispostos na cabeceira e o controle remoto do lado, não me
resta muita opção. E por mais que eu fique completamente chocada com a forma tosca e sem noção com que o Sílvio Santos tem
conduzido o seu programa, não há como não se apaixonar pelos efeitos hilários que os sinais da
senilidade tem provocado do Homem do Baú. Gente, é sério: dá muita pena dos convidados! Mas como
todo ser humano que se preze, a minha
humanidade passa é
longe e eu morro de rir das declarações surreais que o Sílvio
protagoniza. Quem dera ele fosse eterno!
Bom, mas a razão da revolta feminista da vez foi a careca da Panicat Babi Rossi. Para quem
não sabe, a bela loira perdeu suas madeixas ao vivo, num daqueles quadros
estúpidos e sem criatividade que o desespero pela audiência é capaz de criar. E
que funcionam, porque mesmo odiando cada minuto da condução do espetáculo
pastelão, fiquei ligada até o fim.
Simplesmente não podia acreditar que a moça teria coragem de perder o símbolo-mor da vaidade feminina.
Mas raspou no zero, coitada!
Claro que as especulações em torno do que teria sido real ou armado, são muitas. Mas ainda que a jovem tenha
concordado previamente com o absurdo, pra mim, não deixa de ser um assédio moral e uma coação. E ainda que
a “profissão” da garota não seja considerada das mais nobres pela sociedade,
não creio que justifique tamanha violação. Até porque, se ela tá lá rebolando
as ancas, certamente é porque tem quem assista! E por mais fútil e
desnecessária que tenha sido sua exposição (mesmo
que com sua anuência), não deixa de refletir uma das facetas mais sádicas
do machismo, especialmente no meio profissional.
É claro que existem várias exceções. Mas não é incomum que a
mulher precise se submeter à situações
degradantes para conquistar e manter seu espaço no mercado de trabalho,
seja lá qual a profissão que ela escolheu. De doméstica à executiva de
multinacional, talvez o que mude seja apenas o índice de refinamento do preconceito e da coação. Possivelmente,
nesses meios mais “civilizados”, a pressão, as cobranças e a desigualdade sejam
expressas em palavras cuidadosamente
elaboradas por hábeis consultores de RH. Mas que no final das contas, tem o
mesmo significado da grosseria dita por
um dono de boteco. Você é mulher! E sua condição naturalmente desfavorável
implica na necessidade extra de esforço
somados à magnânima complacência do chefe que compreende sua TPM mensal. E
você seja eternamente grata por isso, que fique bem claro!
Evidente que a ânsia em agradar e ser aceita pelos nossos algozes
contribui, em muito, com essa condição. É
a baixa auto-estima agindo em nosso desfavor. Eu mesma sempre
tive uma preferência descarada pelo meu
pai (que era um excelente pai, mas com uma boa dose de machismo), de quem
tentava roubar toda a atenção dedicada à minha mãe. E não pensem que a
maturidade da minha genitora era capaz de aplacar o clima de rivalidade infantil. Ela entrava na disputa pelo poder tal
qual uma pré-adolescente insegura da 6ªsérie. Hoje sou capaz de rir daquelas
cenas, que agora me parecem tão tolas e pueris... Mas a verdade é que, na minha
cabecinha e na minha vida, o filme
continua, com repetecos que de tão sutis, se tornam ainda mais perigosos!
Enfim, garotas, meu post de hoje tem mais um tom de desabafo. A
consciência de uma nova realidade pelo menos me fez enxergar essas armadilhas
nas quais caímos com tanta facilidade. Mas não pensem que deixei de cair nelas.
Temos sorte de ter vencido barreiras e de usufruir de direitos que nos foram
concedidos, mas não podemos esquecer que a maioria dessas
"concessões" só ocorreu por
conveniência ou por necessidade masculina. O secretariado, por exemplo, só
tornou-se uma atividade eminentemente feminina durante a 2ª Guerra Mundial,
quando faltaram homens para exercer tipicamente a função. E graças ao espaço
forçado, provamos nossa capacidade superior também nesse ramo profissional.
Mas
somos muito e queremos muito! Não há erro algum em servir,
pois até quem está no topo, precisa
servir a pessoas e propósitos. Agora, dividir
a fatia do poder e exigir igualdade de cargos e funções, com dignidade e
respeito, não é um favor que os bondosos machos-alfas tem a nos conceder
quando lhes der na telha ou quando não tiverem outra saída: é um direito, uma luta e um dever de toda
mulher, independente de seu nível de instrução e de sua condição social. E
sem ter que se desculpar, se explicar, se sujeitar e, principalmente, sem
precisar se DESCABELAR!
Beijos,
meninas, e lembrem-se: FORÇA NA PERUCA!
Fica muito repetitivo se eu disser que adoro seus textos? Pois que seja, ADOOOOOOORO SEU TEXTOS =D
ResponderExcluirBrigada, fófis! :)
ResponderExcluirCheguei no seu blog buscando pelo google um ponto de vista feminino e feminista sobre o caso do programa. Quando soube hoje, fiquei chocada e imediatamente fui buscar alguém que usasse argumentos decentes para ''destrinchar'' o que aconteceu. Gostei muito do seu texto! Josy
ResponderExcluirBrigada, Jô! Não gosto de questionar decisões individuais, ainda mais de mulheres, porque acredito que cada uma tem o direito de agir com liberdade e autonomia. O problema é que questiono e repudio os meios de manipular e conduzir o uso desse direito. O que assisti foi um espetáculo de coação e assédio moral, do qual essa moça julga ter tipo poder absoluto de decisão. E isso acontece com as mulheres em todos os segmentos da sociedade, especialmente no campo profissional. No desejo de agradar, de ser aceitas, de crescer, de conquistar seu espaço, sujeitam-se à muitas situações degradantes!
ResponderExcluirOi Lulu, estou de volta. Espero retornar ao ritmo de antes e acompanhar cada um de seus textos que assim como o primeiro leitor comentou, também adooooooooooooooooooooro.
ResponderExcluirEsse episódio riculo que assistimos e que ainda vão assistir muito (hoje mesmo na faculdade meus colegas estavam compartilhando o video pelo celular) vai render muito pano pra manga. Eu confesso que já fui um telespectador assiduo do programa em questão e já prefiro dar audiência a coisas mais úteis, isso inclui seu blog okaaaay. Fico empasmado como as pessoas que integram a equipe do programa se submetem a situações de humilhação e falta de respeito com si mesmo. Isso não vale apenas para a panicat que permitiu cortarem suas madeixas, mas aos outros integrantes - também incluindo o do sexo masculino - que já passaram uns mal bocados tendo que ultrapassar todos os limites para gerar audiência para sua emissora. Percebemos uma grande falta de instrução por parte dos produtores, diretores e "elenco". Fazer uma idéia criativa não é tão dificil. Devemos levar em conta que o Pânico não é nenhuma idéia original e na falta do que copiar, somos obrigados a engolir tamanha vergonha.
Só uma dica: Faça como o Thiago, assine GVT e seja feliz! rsrsrs
kkkkkkkkkkkkkkk EI, amigo, quero a comissão pelo merchandising, viu!!! kkkkkkkkkkkk
ExcluirJeff, amei seus comentários! Tem razão quanto a tudo, sem dúvida. Mas não esqueçamos que os outros integrantes do elenco recebem bem mais do que as Panicats, que na verdade estão ali mais pela visibilidade e sabem que tem uma fila de meninas popozudas e rebolativas de olho na vaga delas.
Abusos profissionais são cometidos em todas as instâncias. No entanto, historicamente falando, as mulheres sempre são mais vitimadas pelo preconceito, pela discriminação e pela exploração de sua pretensa "fragilidade"! Um filme passou na minha cabeça quando vi aquela jovem se submetendo à tamanha humilhação! Claro que foi um caso extremo, mas reflete a extrema desigualdade da condição feminina na sociedade.
Beijos, amore! Obrigada por tudo! É um prazer tê-lo de volta, sempre!