Desculpem, cunhãs, mas eu não resisti! ASHUASHAUSHAUSHASU |
Dia Internacional da Mulher! Você, amiga dona de casa, certamente já ouviu a piadinha infame sobre termos apenas 1 dia, enquanto a macharada curte os outros 364 (ou 360, na contagem da Daniela Albuquerque). E o que é pior: para ganhar esse mísero dia foi preciso que humildes operárias ardessem nas chamas da opressão masculina. Mas a data, mais do que um simples rótulo, tem sua representatividade e nos convida a uma reflexão.
Quanto a mim, que vivo em análise constante para evitar que o tico e teco entrem em curto circuito, resolvi aproveitar o ensejo para rememorar alguns fatos da longínqua infância, mãe de todos os traumas e dilemas. E para pegar o fio da meada, começo com um fato protagonizado por papai e filhinha, direto do túnel do tempo. Senta que lá vem a história!
Eu sempre tive uma relação muito próxima com meu pai. E passei por todas aquelas fases de relacionamento pai e filha, que começam na idolatria infantil e culminam no remorso pela perda. E foi justamente quando criança que mais procurei agradá-lo, nem que para isso precisasse sufocar ou desviar meus sentimentos e opiniões.
Bom, numa infância marcada pela mais pura pindaíba (mas nem por isso, menos feliz), demorou até que eu fizesse minhas primeiras compras com um pouco mais de autonomia (lembram das situações constrangedoras que relatei no post anterior?). Mas um dia essa oportunidade chegou, quando contava 11 ou 12 anos de idade.
Papai me carregou até uma Loja da Fábrica para comprar, ora vejam só, minha primeira CALÇA JEANS. Na época, um sonho dourado de consumo que hoje, ironicamente, não faço a menor questão de possuir. A vendedora separou algumas peças e enquanto ia buscar os tamanhos certos, vi pela primeira vez o mais belo exemplar de feminilidade na forma de tecido: um VESTIDO, lindo de morrer! Lembro até a cor: cinza mescla. E de quebra, com todos os atributos que acarretam uma maior incidência de aparecimento precoce de cabelos brancos nos genitores: justo, curto e decotado. Tudo bem que eu não era lá nenhuma beldade. Com 12 anos, estava mais para uma fedelha magricela e sem graça. Mas amei o vestido e achei que valorizaria a minha falta de atributos. Assim, o levei sorrateiramente ao provador e ingenuamente, chamei meu pai para mostrar como ficou. Ele, por sua vez, não fez questão de esconder sua desaprovação. Como eu ainda era muito criança para entender a malícia dos abutres que só esperam a mulher completar 20 Kg para cair matando, meu pai poupou-me de maiores detalhes e apenas me convenceu a optar pela calça jeans reta e a camiseta quadrada que generosamente estava ofertando e que, na sua opinião, me deixavam muito mais bonita. Lógico que eu não acreditei, mas como cavalo dado não se olha os dentes, engoli o choro e recebi o presente calada.
Bom, depois disso, papai foi feliz durante mais alguns anos. Pois bastou que eu engrossasse mais um pouco o pescoço para escolher as roupas que me atraíam - o que para seu desespero, atraíam os rapazes também. Mas meu gosto prevaleceu e para respaldar minha liberdade e minimizar a censura paternal, dediquei-me ao máximo ao trabalho e à busca pela independência financeira, características que me acompanham até hoje.
Todo esse “arrodeio” foi feito com o objetivo de mostrar o quanto nós, mulheres, fomos instigadas a pensar, desejar, escolher e viver conforme as expectativas alheias. Expectativas essas que muitas vezes nos foram apresentadas no decorrer da vida como formas altruístas de “proteção e amparo”, cuja aceitação irrestrita nos garantiria a felicidade plena e eterna.
É bem possível que isso seja verdade. Pelo menos no que tange à felicidade “coletiva”, se assim posso definir. A felicidade medida e mensurada pelos protocolos de convivência e obrigações sociais, cujas regras são bem mais extensas e específicas quando se trata de uma mulher.
A questão é que, felizmente, não obstante todas as tentativas de opressão e subordinação (descarada ou velada) que nos foram impostas durante a história, nós, mulheres, sempre questionamos e, mesmo que minimamente, rejeitamos cláusulas desse Contrato Social. E aos poucos, fomos retirando ou pelo menos amenizando tais regras. Esse sentimento de rebeldia é natural, porque o ser humano (que é o que todos nós somos, independente de gênero ou etnia) tem dentro de si a chama da liberdade. Recebemos do Criador o livre arbítrio e por isso não nascemos para ser cativos, a não ser de nossas escolhas e de nossa consciência.
Quem sabe, se fossemos mais dóceis e “receptivas”, teríamos menos problemas. Quem sabe, assim, não sofreríamos violência doméstica, teríamos casamentos mais duráveis e lares mais estáveis. Mas esta seria apenas a CARICATURA DA FELICIDADE, desenhada sob a ótica de terceiros que se acham superiores e não aceitam questionamentos naquilo que julgam ser o IDEAL para nós (ou melhor dizendo, conveniente para ELES). Por dentro, morreríamos ainda em vida, corroídas pelo desgosto e pela frustração.
É, queridas, não era pra ser assim. Mas se é assim, o jeito é vestir a armadura e ir à luta. Todos os dias. Nunca sufoquem seus desejos e nunca permitam que direcionem ou adequem os seus sonhos. Nunca se permitam acreditar que não são dignas do que quer que seja ou que não podem realizar pequenos e grandes feitos. Somos ESPÍRITOS ANIMADOS PELO DOM DA CRIAÇÃO DIVINA e temos um pouco de Deus em nós. Se nascemos mulheres, honremos essa condição e façamos disso um desafio pela igualdade a ser conquistada a cada dia.
E quanto a você, homem, um conselho de quem entende do assunto: antes de tentar DOMINAR uma mulher, procure COMPREENDE-LA (nem que para isso precisem comprar enciclopédias de 60 volumes). Essa guerra estúpida e inútil pelo poder deve até enchê-lo de orgulho e entusiasmo, mas no final das contas não lhe assegura absolutamente nada de proveitoso. Se tiver uma fera indomável ocupando seu coração, ame-a, então, com toda a ferocidade e descubra que o amor em seu estado selvagem é mais puro, forte e sincero do que qualquer sentimento corrompido pelos ditames da racionalidade e da lógica tendenciosa. E se o “respeito” ainda é condição expressa para o seu amor condicional, saiba que MEDO não combina com RESPEITO e nenhuma mulher é capaz de amar um homem que a submete à inferioridade e à humilhação. Ela pode até ficar ao seu lado durante toda a vida: por dever, submissão ou falta de autoconfiança. Mas no silêncio do seu coração, estará a cada dia sonhando com a felicidade que nada mais é do que um legítimo direito!
Feliz Dia Internacional da Mulher para todas as Feministas de Arake! Brasileiras, portuguesas, inglesas, americanas, afegãs, francesas, russas, italianas, espanholas... Enfim, do mundo inteiro! Um grande beijo dessa feminista fajuta que a cada dia se solidariza com cada uma de vocês, mesmo nos momentos em que a despeita fala mais alto e tiro sarro da bunda torta da Valesca Popozuda ou do Todynho da Daniela Albuquerque. Eu amo vocês, mesmo assim. Suas lindas!
Adorei Lu!!! Parabéns pelo seu dia!!!!
ResponderExcluirPelo NOSSO, né, amiga! Beijos!
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