domingo, 13 de novembro de 2011

Poder de Escolha

"Mamãe disse que eu escolhesse esse, mas como sou compulsiva vou escolher todos esses aqui!"
Bom dia, meus lindos e amados leitores!

Hoje a postagem é bem especial. Pela primeira vez vou publicar um texto de uma leitora do nosso blog. Ela me mandou a missiva através de e-mail, depois de ler uma postagem. E fiquei encantada não apenas com a sinceridade, mas principalmente, com a forma interessante e peculiar com que ela abordou o tema do Poder de Escolha que nós mulheres fomos adquirindo ao longo da história. Tudo isso de uma forma leve e despretensiosa. Um estilo que admiro muito e procuro adotar nas postagens.

Bom, chega de lengalenga. Segue abaixo o texto da minha querida amiga ALINE SOUSA. E por favor, não fiquem com ciúmes. Esse espaço está aberto para a co-participação de todos, viu. Aliás, dia 22 de novembro é o aniversário de 1 ano do Feminista de Arake. Colaborações e sugestões serão muito bem vindas. Por enquanto, deliciem-se vocês também com o texto da Aline:

Olá querida Feminista de Arake!

Gostaria só de compartilhar com você minha imensa alegria em simplesmente poder escolher. Afinal, esse tem sido o pivô das grandes batalhas das mulheres ao longo dos anos: luta pelos seus direitos e luta principalmente pela possibilidade de decisão e escolha. Usar o nosso livre-arbítrio, coisa que a sociedade às vezes parece nos privar dessa possibilidade.

Confesso, fazia tempo que não lia o seu blog. Minha vida de Feminista de Arake também tá me custando tempo. Quem mandou a gente não querer mais viver mais à custa dos homens e ir buscar nossa independência! Muito trabalho e cada vez mais cansativo. Mas, hoje amanheci com aquela vontade de fazer as coisas diferentes, fazer coisas que me dão prazer, esquecer um pouco da rotina e ter minha possibilidade de escolha.

Hoje era dia de fazer faxina em casa, passei quase uma hora pra começar, fazendo sabe o que? Escolhendo uma boa música para a manhã de faxina. Olhei minhas dezenas de cd’s de Zezé di Camargo e Luciano (é, você conhece esse meu passado negro) e fiquei me perguntando como não tinha vontade nenhuma mais de escolher aquele repertório. Passei por Roupa Nova (música para fazer faxina em casa?) e lembrei d’O Teatro Mágico... mas não achei, acho que emprestei.  Chico Buarque, Quarteto em Cy...  Tá! O resultado é que não achei música nenhuma que combinasse com a ocasião, mas sim com o que eu realmente gosto de ouvir. Por um instante pensei que tinha perdido um tempo imenso em que poderia já ter deixado a casa limpinha, pronta para chegar o primeiro e estragar tudo, mas meu gosto musical ninguém ia estragar, adoro meus cds, minhas músicas e fiquei um tempão ali pensando em toda minha história musical, desde a infância com os discos de vinil coloridos com histórias infantis, a deliciosa década de 80 com Balão Mágico, Trem da Alegria, Xuxa - não necessariamente só para baixinhos - até a adolescência ("aaaa turma do circuito") e os dias atuais.

Tantas músicas passam por nosso gosto e desgosto. Tantas nos marcam. Muitas até nos arrependemos de ouvir, outras queremos para o resto da vida. Nosso gosto musical também reflete um pouco da nossa maturação. Mas, meu juízo não aguenta quando vou para o trabalho, pego o ônibus e vem aquela criatura que devo respeitar por ter um gosto musical diferente do meu. Mas com uma diferença: ele escuta música estrondante, num celular que distorce e estronda mais ainda a música, desconhecendo a pouco conhecida invenção humana chamada: fone de ouvido! Então me veio aquela célebre questão: gosto se discute? Bom, naquele momento eu não estava interessada em discutir e sim em ser autoritária com o meu gosto e mandar ele ir para as cucuias com aquela música dele - ou pelo menos usar o recurso auditivo individual. Mas, o que é bom mesmo é ter a possibilidade de escolha, como eu me dei durante a manhã, ao passar uma hora escolhendo minhas músicas e me senti incomodada em não poder escolher no lugar daquela criatura dentro do ônibus, a música a ser ouvida.

Tudo bem, ao chegar ao batente, liguei meu computador e fui eu mesma escolher minhas músicas de trabalho, nem que para isso custasse mais uma hora do meu precioso dia, mas era a minha escolha! E quão não foi a minha dor ao perceber que meu computador estava sem áudio: “CHAMA O TÉCNICO, PELO AMOR DE DEUS!”, implorei ao telefone. Enquanto isso, posso pelo menos procurar uma boa leitura no computador? Preciso escolher algo pra fazer, preciso de opção para mim mesma, antes de iniciar as atividades impositivas da rotina de trabalho. Mas, lá se vão minhas possibilidades mais uma vez reduzidas, pois no ambiente de trabalho a internet é limitada. No entanto, pedi ao técnico quase chorando: “LIBERA UNS ACESSOS PRA MIM, POR FAVOR!” E aqui entre nós, ele instalou um programinha que libera os acessos aos sites restritos e fui cair de primeira no FEMINISTA DE ARAKE! Ah como é bom poder escolher!!!

Valeu Lú, o blog tá melhor a cada texto!

Beijos!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fala aí, cunhã!