segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Regulação da Mídia: Tá na boca do povo!

Palestra sobre Mídia com Paulo Henrique Amorim.
Crédito da Foto: Luiza Elleres (estudante de Jornalismo)
Em se tratando de COMUNICAÇÃO nós, mulheres, somos tidas como expert´s. Afinal, salvo as exceções, adoramos um bom bate papo.

Essa semana meu esposo até fez um comentário sobre meu constante hábito de falar, apontando nossa gritante diferença, já que ele naturalmente tímido e reservado, admite jamais ser capaz de seguir uma profissão como a de jornalista. Graças a Deus, porque lá em casa só quem pode brilhar sou eu e confesso que minha autoestima fica lisonjeada com a total e irrestrita atenção do meu silencioso amado frente aos monólogos diários, mesmo que esta atenção seja, na realidade, o piloto automático ligado para não pirar diante do arsenal de comentários e divagações. Mas tudo bem, vive mais feliz aquele que desconhece toda a verdade, é o que sempre digo! Ou você gostaria de ler os pensamentos do seu gato quando acorda remelenta, descabelada e com um hálito capaz de fulminar o conde Drácula?

Mas escolhi falar sobre esse tema por ocasião da palestra do Paulo Henrique Amorim, realizada no último dia 18, em Fortaleza. O tema era “MÍDIA: REGULAÇÃO E DEMOCRACIA” e faz parte de um debate nacional que vem discutindo a necessidade de criação de um marco regulatório na mídia brasileira, tendo como base os excessos, irresponsabilidades e arbitrariedades cometidos por determinados veículos de comunicação que, amparados por sua poderosa estrutura, dizem o que querem e manipulam a bel prazer a opinião pública.

O problema é que, nesses momentos de revolução, sempre aparece um Marat ou um Robespierre embasando seu discurso na problemática e aproveitando a maré crítica para conduzir as coisas em benefício de seus interesses, nem sempre justos ou altruístas. Por isso me preocupam certas “soluções” encontradas para sanar o problema, especialmente quando em meio aos holofotes que iluminam a discussão surgem figuras políticas pegando uma leve caroninha para se promover. Ou mesmo outras empresas que, sofrendo o desfavor da situação, visam aproveitar o declínio de um monopólio para instaurar o seu. Coisa do tipo: “O Rei Morreu. Viva o Rei!”

E honestamente falando não tive uma impressão tão favorável do evento, pois para minha decepção Amorim utilizou 90% de sua fala em críticas aos grandes meios de comunicação no Brasil, em especial a Rede Globo. Respeito e admiro PHA e quem sou eu para me dar ao luxo de questionar sua experiência e competência. Mas como estudante de jornalismo, naturalmente confusa em meio à enxurrada de informações acerca do tema, esperava de um profissional de seu cacife um discurso com bons argumentos que me ajudassem a formar uma opinião e definir a melhor escolha. Um dos pontos que ainda estão nebulosos e que eu esperava uma elucidação é a questão da criação de um Conselho Estadual de Comunicação Social no Ceará, projeto de indicação de autoria da Deputada Rachel Marques (PT) aprovado na Assembléia Legislativa, havendo a possibilidade de ser transformado em projeto de lei pelo Governador Cid Gomes.

A princípio, discordo. Até porque a vergonhosa relação do Poder Executivo com o Legislativo, que interfere descaradamente no segmento que caberia fiscalizá-lo, me faz temer que o tal Conselho, muito bonito e ideológico no papel, torne-se mais um instrumento de controle nas mãos do clã dos “Ferreira Gomes”. Pode parecer paranóia, mas o episódio da dispensa de licenças ambientais da Semace para determinadas obras do governo, quando Cid abertamente manipulou e engendrou planos para conduzir as coisas de modo a favorecer seus objetivos, tudo dentro da lei (mas à margem da moralidade), culminou no afastamento da Superintendente do órgão, numa atitude “de homem” de uma mulher desmoralizada em sua autoridade e competência.

Não sei se meu temor se justifica, mas pelo menos, se explica. E a frustração por não ver discutidos esses pontos durante tão oportuna ocasião foi compartilhada por outros colegas. Portanto, deve fazer algum sentido.

Não estou defendendo a Globo. Aliás, antes de ouvir a eloquente exposição do jornalista da Rede Record (outra emissora cuja ascensão é das mais suspeitas), já havia me inteirado de muitas ações escusas do grupo do falecido Roberto Marinho. Ou seja, foram acusações verídicas e fundamentadas, mas o espaço que lhes foi concedido durante a palestra poderia ter sido bem melhor aproveitado em defesa dos verdadeiros ideais de democracia, laureados pela ética e responsabilidade. Defesa essa apresentada sob a forma de boas sugestões, de eficazes soluções viabilizadas pelo know-how do ilustre profissional.

Sei que a situação exige providências, quem sabe até do patamar das revoluções pois grandes mudanças requerem, por vezes, atitudes extremas. Mas não gostaria de ver tão importante debate ficar no campo infrutífero dos ataques pessoais ou corporativistas, que embora arranquem muitos aplausos,  geram poucos resultados, desviando o foco do projeto e chafurdando de vez na lama aquilo que já não está tão limpo assim.

Fica pra próxima!

4 comentários:

  1. Lulu, esse post merece ser comentado por jornalistas e alunos/profissionais afins, eu me senti meio OFF do tema, mas estou escrevendo para elogiar pela milésima vez a sua brilhante mente feminista e seu exuberante texto. Até a próxima...

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  2. Jeff, querido, a palestra, embora com seus percalços, também abordou temas muito importantes, principalmente pelo jornalista Altamiro Borges que enalteceu o trabalho de nós, blogueiros. Muitas vezes não temos consciência do papel que exercemos na sociedade, da influência de nossas palavras. Entramos nesse mundo dos blogs meio que por brincadeira e fazemos a coisa toda com uma falta de pretensão que confere até uma atmofesra meio romântica à nossa atividade e acho que está aí a maior beleza desse trabalho. No entanto, temos nas mãos um instrumento de comunicação à nível social e graças a Deus, procuramos agir com responsabilidade e profissionalismo. Mas nem todo mundo é assim... Mesmo com tudo, senti-me feliz em participar da palestra e ouvir as palavras, sobretudo do Altamiro, pois me ajudou a construir uma opinião mais consciente sobre nosso trabalho. Beijos, querido, obrigada mais uma vez e MUITTOOOOOO sucesso no seu blog!

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  3. Oi Lulu, não sei se já está informada, mas dá uma olhada nessa matéria:

    http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=937728

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  4. Que pena, Jeff, foi dia 22, eu não estava sabendo. Mas vou ficar atenta a outros, obrigada de coração!

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