domingo, 27 de fevereiro de 2011

Bota a boca no trombone, cunhã!

Como assim? Reclamona, eu?! Mas que absurdo, quem disse isso vai ter que se ver comigo, como você pode concordar com uma coisa dessas, não faz o menor sentido e blábláblá....

Rola por aí uma piadinha machista que diz que o espelho reflete sem falar, e a mulher fala sem refletir. Ha-ha-ha... Morri de rir e não achei graça.

OK! Até aceito a fama de que falamos demais. Ou melhor, de que verbalizamos nossas emoções sem medo de ser feliz. Agora, esse papinho de que só falamos abobrinha eu não engulo assim, fácil, não.

Por causa do nosso potencial incompreendido acabamos sendo tachadas de “reclamonas”, o que nos confere a fama acessória de “chatas”. Até a Revista Cláudia publicou uma reportagem completa sobre o tema com uma campanha Anti-Reclamação e um “manifesto de uma mulher que cansou de ser chata”. Aliás, se quer saber, já estou “por aqui” com essa revista. Ela mais parece um manual de lavagem cerebral saído diretamente do filme “Mulheres Perfeitas”. O extremo oposto da Revista Nova, outra publicação exagerada do mesmo grupo editor cujo 99% do conteúdo parece ser voltado para femmes-fatale com uma vida que gira em torno de trabalho, cartão de crédito, balada e pegação. Como se a ala feminina só tivesse duas opções na vida: ser uma mãe, esposa e dona de casa exemplar ou uma workaholic que precisa ler a revista todo mês para não se permitir sentir fragilidade e solidão.

Mas deixando de lado essas questões estive refletindo sobre esse ponto da reclamação. O ser humano, em geral, é um insatisfeito por natureza. E essa insatisfação é que nos faz sair da zona de conforto e buscar algo melhor. Desde criança eu sempre tive uma postura meio de “justiceira”, era resoluta, corajosa, não tinha medo de mudar algo que me incomodasse sem, no entanto, ser ambiciosa ao extremo. Virtude que agradeço a Deus por possuir em meio a uma personalidade cheia de defeitos. Alguns professores chegaram a dizer-me que deveria seguir a carreira de advogada, pois costumava comprar a briga por outros colegas diante de uma situação em que identificava alguma aparente injustiça, mesmo sem ter tanta amizade pelo sujeito. Era mais pelo fato ocorrido do que uma questão meramente pessoal. E reclamava mesmo! Na sala de aula, na direção, em casa, até que visse algum progresso, alguma mudança. Ou até que recebesse uma suspensão ou um belo puxão de orelhas. Mesmo assim, nunca perdi essa mania e se preciso fosse, contestava veementemente qualquer autoridade. Até porque, na minha cabeça, o conceito de AUTORIDADE sempre esteve diretamente relacionado a RESPEITO e qualquer atitude arbitrária e ilógica por parte de uma figura hierarquicamente superior, para mim, configurava a perda dessa autoridade embasada mais na posição e no poder de decisão que este possuía, do que na sua responsabilidade e idoneidade para exercer o cargo. Eu não o via mais como alguém digno da minha obediência. E lá ia eu botar a boca no mundo!

Evidente que isso me trouxe alguns problemas durante 30 anos de vida. Principalmente quando precisei trabalhar (formalmente falando, porque acho que já nasci fazendo qualquer coisa pra garantir uma certa independência financeira e diminuir a carga dos meus pais). Com o tempo fui percebendo que algumas atitudes eram infantis. E porque não dizer, antiéticas. Afinal, falar mal da empresa que paga seu salário e te sustenta (mesmo que de um jeito meio capenga) não é algo muito justo, não. Então fui procurando trabalhar esse ponto o que, no início, me levou a outras atitudes extremas. Quando achava que estava ruim ou tinha alguma reclamação que julgava mais séria, chutava o pau da barraca e largava o emprego sem pestanejar. Pensava que essa era a atitude mais correta da minha parte. Melhor do que ficar reclamando daquilo que dependia. E partia para outra tentativa até acontecer a mesma coisa. Felizmente nunca fiquei desempregada. E a vivência me rendeu uma eclética experiência profissional que foi de instrutora de informática, passando por vendedora, digitadora, promotora, recepcionista, artesã, gerente, auxiliar administrativo, arte-finalista, fotógrafa, voluntária até chegar a uma secretária polivalente que estuda jornalismo e mais parece uma Forest Gump de saias, cheia de histórias pra contar. Porém nunca parei para pensar que eu poderia ter questionado a validade ou, principalmente, a UTILIDADE das minhas reclamações, ao invés de julgá-las imediatamente procedentes e vestir a carapuça de vítima que joga tudo pro alto num piscar de olhos e segue seu caminho seu olhar para trás, com o espírito cheio de orgulho e o bolso vazio!

A vida não é fácil. Pra ninguém. E por trás de um chefe aparentemente déspota pode haver um empresário atormentando pelas dificuldades de um mercado acirrado, com uma carga tributária absurda e uma pressão constante por resultados que garantam não apenas seu lucro, mas a manutenção da empresa da qual dependem tantas outras pessoas. Nos quadrinhos, nos filmes e nas novelas podem existir as figuras do mocinho e bandido claramente definidas. Mas na vida real não é bem assim. No fundo, todo mundo tem motivo pra ser do jeito que é. Sabe-se lá se é um motivo justo ou não. Mas que existe, existe. E no final das contas está todo mundo no mesmo barco, tentando sobreviver.

Não estou dizendo que as pessoas devam se acomodar diante dos problemas. Aceitar tudo passivamente, virar um banana completo ou um cego que finge não enxergar as dificuldades e sufoca as aflições. Nesse ponto a psicologia é clara e a depressão, por exemplo, é uma forma meio torta do corpo reagir com o colapso da auto-estima numa tentativa desesperada da mente dizer que o que permaneceu incompreendido sempre retorna. Mas simplesmente falar, reclamar, sem agir, também não muda nada. Não melhora a situação.

Reverter a energia que gastamos comentando sobre aquilo que achamos errado em ações que mudem essa realidade pode ser bem mais proveitoso. Por exemplo: todo mundo reclama das filas de banco, essas instituições que apesar de arrecadarem bilhões todos os anos continuam economizando na quantidade de funcionários. Mas quando há alguma audiência pública ou se organiza algum manifesto nesse sentido, só aparecem uns 4 gatos pingados protestando no meio da rua enquanto são xingados pelos motoristas. Atacamos as instituições públicas, acusando-as de burocratas e que mantém servidores que tratam o público com descaso e falta de polidez, mas as ouvidorias estão aí disponíveis. Quem se dá ao trabalho de formalizar uma denúncia através desse setor? A maioria responde que de nada adianta e quem tem algum amigo no meio prefere pegar o atalho do pistolão para resolver rapidamente o SEU problema, sem preocupar-se com o fato de estar furando uma fila enorme de pessoas necessitadas que não conhecem ninguém influente e não podem beneficiar-se da mesma facilidade. Eu já fiz uma reclamação na Ouvidoria do Ministério do Trabalho e vi ser resolvido  num piscar de olhos um problema de atendimento arbitrário que estava ocorrendo na unidade do Sine da minha cidade. Minha ação resolveu não apenas o MEU problema, mas de várias outras pessoas que estavam na mesma situação.

Não sou nenhuma santinha ou um modelo a ser seguido (embora tenha um corpinho de passarela, tá). Mas confesso que com o passar dos anos e depois de quebrar a cara algumas vezes, minha visão de mundo foi mudando. Shakespeare já dizia que ser flexível não significa ser fraco. E essa idéia de radicalismo já virou uma coisa meio démodé. A chave é, sem dúvida, o equilíbrio. Precisamos aprender a viver num mundo que nos obriga a engolir sapos e a fazer coisas de que não gostamos ou não concordamos, mas com as quais precisamos aprender a conviver sem perder a essência ou violentarmos nosso espírito. No fim das contas resta o consolo de que podemos chegar em casa ao fim de mais um dia de cão, dar uns 4 murros no travesseiro pra exorcizar a raiva, tomar um belo banho, rachar de rir vendo a Paulinha caindo de madura no BBB (não podemos negar nossa faceta sádica), botar a cabeça no travesseiro com a alma e corpo lavados e dormir pra recarregar as energias. Porque afinal de contas amanhã tem mais. Se Deus quiser!

Boa semana pra vocês!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Arretada Conquista do Voto Feminino no Brasil

Você confirma uma dor de cabeça durante 4 anos? Siiiiiiiiiiiimmmmmm!!!!!

Hoje, dia 24 de fevereiro, completa-se 79 anos da conquista do direito das mulheres brasileiras de votar em eleições nacionais. Na época uma premissa restrita, permitida apenas para mulheres casadas, desde que devidamente autorizadas por seus cônjuges, viúvas e solteiras com renda própria (algo extremamente raro na época). Mas de fato uma conquista importantíssima que abriu caminho para os próximos avanços, embora obtidos a passos de tartaruga.

Nessa batalha histórica o nosso Nordeste (onde o machismo sempre foi muito presente) foi pioneiro. Antes do direito a nível nacional, em 1927 o estado do Rio Grande do Norte se tornou o primeiro do país a permitir que as mulheres votassem nas eleições e, no mesmo ano a professora potiguar Celina Guimarães entrou para a história como a primeira brasileira a fazer o alistamento eleitoral. Ainda no Rio Grande do Norte, Alzira Soriano foi a primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo, ao eleger-se prefeita de Lajes em 1928, embora a anulação dos votos de todas as mulheres pela Comissão de Poderes do Senado tenha impendido-a de terminar seu mandato.

Aos trancos e barrancos a ala feminina foi ocupando seu espaço no segmento político. Hoje vivemos um momento histórico ao eleger a primeira mulher presidente do país, diga-se de passagem, com forte apoio nordestino, fato que além de conferir um aparato simbólico que contribui para a mudança de referenciais sobre a mulher no poder, também gera uma expectativa de medidas concretas que espera-se de uma governante capaz de administrar os problemas nacionais com pulso firme, porém com uma visão mais sensível.

No entanto, ainda é mínima a participação da mulher na política, especialmente na partidária. Os partidos, mesmo regulados por leis que determinam as cotas mínimas de participação feminina em sua composição, nem sempre cumprem essas metas e ainda são relapsos e incompetentes na formação política delas, fatores que aliados ao preconceito (inclusive dentro da família) desestimulam a mulher a ingressar ativamente nessa área. A ocupação em cargos eletivos também é ínfima, ainda mais numa nação com população feminina superior. E embora alguns observadores contestem o comentário de que mulher não vota em mulher, classificando de mito, a realidade mostra que isso acontece, sim.

Vejamos, por exemplo, o caso de Dilma Roussef. Não há quem ignore o fato de que Lula foi vital na sua eleição. Dilma, em termos de massa, era uma ilustre desconhecida, mas depois de uma forte campanha ao lado do popular presidente, que a apresentava como “Mãe dos Pobres”, “Mãe do PAC”, e coisas do tipo, simplesmente ascendeu vertiginosamente ganhando a aprovação do povão. Aliás, muita gente desinformada votou na candidata crente de que a mesma era esposa do Luís Inácio, num momento meio “Evita Perón”.

Na minha cidade, Maracanaú, uma amiga certa vez candidatou-se à prefeita. Mesmo reunindo todos os atributos de preparo intelectual, competência gestora, respeitável histórico de participação em movimentos de luta estudantil e social, experiência em cargos eletivos e de quebra, ainda ser uma conhecida filha da terra, não conseguiu obter êxito na empreitada, embora tenha alcançado uma expressiva votação. A eleição foi conquistada por um homem que não possuía nem de longe a identificação que ela mantinha com Maracanaú. E o mais curioso é que, analisando os votos da candidata, constatamos que a grande maioria foi dada por homens, mesmo sendo ela uma ferrenha defensora dos direitos das mulheres, ativamente envolvida na luta contra a violência e a discriminação de gêneros em qualquer setor da sociedade.

Ainda temos muito que caminhar. E para isso, não podemos mais deixar nas mãos dos outros os rumos do nosso destino. Viver à margem da política é uma ilusão perigosa, pois são essas decisões que escreveram o passado, ditam o presente e antecipam o futuro. Hoje desfrutamos de liberdades das quais nossas mães e avós foram privadas e devemos usá-las em nosso benefício. Nada de chegar o dia da votação e ir lá apertar qualquer tecla pra voltar pra casa a tempo de fazer o almoço. Somos a maioria da população e do eleitorado, então façamos jus a nossa parcela de responsabilidade diante dos problemas e das soluções que determinam os rumos do país. Participar, informar-se, engajar-se em movimentos organizados são meios de obter os esclarecimentos necessários a nossa verdadeira formação cidadã. Cidadania não é receber bolsa família, é ser consciente de seus direitos e deveres. E consciência é um conceito muito mais abrangente, que inclui uma visão crítica e racional da realidade, algo bem além de dar uma olhadinha no horário eleitoral só para resmungar dos caras de pau ou rir da peruca do Tiririca.

Então, mulher, não seja abestada! Como se diz, voto não tem preço, tem consequência. E nós já sofremos demais os efeitos de nossa displicência.

Beijos!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Regulação da Mídia: Tá na boca do povo!

Palestra sobre Mídia com Paulo Henrique Amorim.
Crédito da Foto: Luiza Elleres (estudante de Jornalismo)
Em se tratando de COMUNICAÇÃO nós, mulheres, somos tidas como expert´s. Afinal, salvo as exceções, adoramos um bom bate papo.

Essa semana meu esposo até fez um comentário sobre meu constante hábito de falar, apontando nossa gritante diferença, já que ele naturalmente tímido e reservado, admite jamais ser capaz de seguir uma profissão como a de jornalista. Graças a Deus, porque lá em casa só quem pode brilhar sou eu e confesso que minha autoestima fica lisonjeada com a total e irrestrita atenção do meu silencioso amado frente aos monólogos diários, mesmo que esta atenção seja, na realidade, o piloto automático ligado para não pirar diante do arsenal de comentários e divagações. Mas tudo bem, vive mais feliz aquele que desconhece toda a verdade, é o que sempre digo! Ou você gostaria de ler os pensamentos do seu gato quando acorda remelenta, descabelada e com um hálito capaz de fulminar o conde Drácula?

Mas escolhi falar sobre esse tema por ocasião da palestra do Paulo Henrique Amorim, realizada no último dia 18, em Fortaleza. O tema era “MÍDIA: REGULAÇÃO E DEMOCRACIA” e faz parte de um debate nacional que vem discutindo a necessidade de criação de um marco regulatório na mídia brasileira, tendo como base os excessos, irresponsabilidades e arbitrariedades cometidos por determinados veículos de comunicação que, amparados por sua poderosa estrutura, dizem o que querem e manipulam a bel prazer a opinião pública.

O problema é que, nesses momentos de revolução, sempre aparece um Marat ou um Robespierre embasando seu discurso na problemática e aproveitando a maré crítica para conduzir as coisas em benefício de seus interesses, nem sempre justos ou altruístas. Por isso me preocupam certas “soluções” encontradas para sanar o problema, especialmente quando em meio aos holofotes que iluminam a discussão surgem figuras políticas pegando uma leve caroninha para se promover. Ou mesmo outras empresas que, sofrendo o desfavor da situação, visam aproveitar o declínio de um monopólio para instaurar o seu. Coisa do tipo: “O Rei Morreu. Viva o Rei!”

E honestamente falando não tive uma impressão tão favorável do evento, pois para minha decepção Amorim utilizou 90% de sua fala em críticas aos grandes meios de comunicação no Brasil, em especial a Rede Globo. Respeito e admiro PHA e quem sou eu para me dar ao luxo de questionar sua experiência e competência. Mas como estudante de jornalismo, naturalmente confusa em meio à enxurrada de informações acerca do tema, esperava de um profissional de seu cacife um discurso com bons argumentos que me ajudassem a formar uma opinião e definir a melhor escolha. Um dos pontos que ainda estão nebulosos e que eu esperava uma elucidação é a questão da criação de um Conselho Estadual de Comunicação Social no Ceará, projeto de indicação de autoria da Deputada Rachel Marques (PT) aprovado na Assembléia Legislativa, havendo a possibilidade de ser transformado em projeto de lei pelo Governador Cid Gomes.

A princípio, discordo. Até porque a vergonhosa relação do Poder Executivo com o Legislativo, que interfere descaradamente no segmento que caberia fiscalizá-lo, me faz temer que o tal Conselho, muito bonito e ideológico no papel, torne-se mais um instrumento de controle nas mãos do clã dos “Ferreira Gomes”. Pode parecer paranóia, mas o episódio da dispensa de licenças ambientais da Semace para determinadas obras do governo, quando Cid abertamente manipulou e engendrou planos para conduzir as coisas de modo a favorecer seus objetivos, tudo dentro da lei (mas à margem da moralidade), culminou no afastamento da Superintendente do órgão, numa atitude “de homem” de uma mulher desmoralizada em sua autoridade e competência.

Não sei se meu temor se justifica, mas pelo menos, se explica. E a frustração por não ver discutidos esses pontos durante tão oportuna ocasião foi compartilhada por outros colegas. Portanto, deve fazer algum sentido.

Não estou defendendo a Globo. Aliás, antes de ouvir a eloquente exposição do jornalista da Rede Record (outra emissora cuja ascensão é das mais suspeitas), já havia me inteirado de muitas ações escusas do grupo do falecido Roberto Marinho. Ou seja, foram acusações verídicas e fundamentadas, mas o espaço que lhes foi concedido durante a palestra poderia ter sido bem melhor aproveitado em defesa dos verdadeiros ideais de democracia, laureados pela ética e responsabilidade. Defesa essa apresentada sob a forma de boas sugestões, de eficazes soluções viabilizadas pelo know-how do ilustre profissional.

Sei que a situação exige providências, quem sabe até do patamar das revoluções pois grandes mudanças requerem, por vezes, atitudes extremas. Mas não gostaria de ver tão importante debate ficar no campo infrutífero dos ataques pessoais ou corporativistas, que embora arranquem muitos aplausos,  geram poucos resultados, desviando o foco do projeto e chafurdando de vez na lama aquilo que já não está tão limpo assim.

Fica pra próxima!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Como cães e gatos!


Quadro da Revista Isto É com as queixas de cada facção (fonte: site da Revista Isto É)
 
A Revista Isto É, edição 2152, de 4 de Fevereiro, publicou uma matéria intitulada “Brigas que não acabam mais”, divulgando o resultado de uma pesquisa britânica que mostra que os desentendimentos tradicionais são as causas de 312 discussões por ano entre os casais. Ou seja, quase uma por dia. Sabe, aquelas picuinhas de sempre, comuns no cotidiano e que tiram do sério por conta da produção em série. Hábitos que no início o companheiro achava engraçado, e de certa forma até charmosos, mas que com a repetição tornaram-se insuportáveis.

Na matéria constam depoimentos deles e delas e, para arrematar com chave de ouro, uma ilustração que resume as principais queixas dos marcianos e das venusianas.

Como aspirante a jornalista atrevo-me a comentar os pontos abordados no quadro, reforçando os itens verdadeiramente passíveis de condenação e esclarecendo aqueles que carecem de uma maior reflexão. Claro, com a ética e imparcialidade exigidas ao exercício de tão nobre função. Então, vamos lá:

OS HÁBITOS MASCULINOS QUE MAIS IRRITAM AS MULHERES:

NÃO ABAIXAR A TAMPA DO VASO SANITÁRIO: Deus dotou o homem de um órgão sexual externo, no entanto, privou-o de pontaria. Junte-se a isso o agravante do sujeito chegar em casa embriagado, caindo pelas tabelas, chamando o Hugo e você precisar reunir toda a paciência e santidade feminina universal para encaminhá-lo ao banheiro mais próximo e evitar que ele urine na geladeira. Pois é, imagine o estrago! Além de realizarem essa necessidade fisiológica imaginando que os vasos e tampas são descartáveis e nenhuma mulher precisará sentar nele depois, ainda tem a peculiaridade de dar aquela “balançadinha”, sapecando respingos por todo o lado. Quer coisa mais nojenta e odiosa? Por mim Dona Dilma Roussef, embora divorciada, deveria baixar mesmo era um decreto transformando esse hábito em crime passível de prisão perpétua!

MUDAR DE CANAL: Essa é de lascar! Eu sei que os pobres seres tem a mente infantil e fragmentada, que os torna fisicamente incapazes de fixar a atenção num mesmo ponto por mais de 3 segundos. E sei também que eles conhecem nossa incomparável criatividade e brilhante capacidade de devassar novos horizontes e descobrir, em meio a quebra-cabeças indecifráveis, os mais profundos mistérios. Mas pelo amor de Deus, televisão é entretenimento. Eu não quero assistir um programa surreal que começa com a Sônia Abrão falando que a Mulher Melancia fez um show que ocorreu ao vivo durante a rebelião no Bangu I e que os fugitivos estão mantendo refém todo o elenco de Malhação enquanto a solidária Cristina Rocha debate os traumas e lamentações dos presidiários no palco do “Casos de Família”. Assim não dá, eu quero continuidade, pô!

DEIXAR AS LUZES ACESAS: Sei que a desinformada ala masculina não deve estar sabendo mas o mundo passa por um sério problema de aquecimento global, fruto dos ataques cometidos durante séculos ao meio ambiente. Que fique bem claro, cometidos pelos meninos maus! Pois bem, num planeta cuja noção de sustentabilidade tornou-se uma obrigação, deixar as luzes acesas configura-se num terrível delito. Especula-se que o apagão nordestino recente teve origem em um curto circuito provocado pelo incrível fenômeno combinado de “homens que deixaram luzes acesas ao mesmo tempo”, algo lastimável. Sem falar que o dinheiro extra para pagar os excessos na conta de energia poderia ser melhor empregado em algo bem mais útil, como uma bolsa nova para sua amada. Garanto que o CLIMA em casa ia melhorar muito. Falou?!

LARGAR TOALHAS MOLHADAS NO CHÃO OU NA CAMA: Está comprovado que a grande maioria dos acidentes domésticos ocorre por falta de prevenção. Toalha molhada no chão pode ser a causa de um trauma horrendo provocado pelo escorregão de uma mulher justificadamente apressada a bordo de um salto alto. Sem falar nos grotescos ácaros e fungos que adoram multiplicar-se no colchão, especialmente quando este está úmido por causa da... toalha molhada. Você, homem, com toda sua rabugice, conseguiria dormir com uma pobre e indefesa vítima espirrando descontroladamente ao seu lado? Pense bem pra depois não reclamar, tá!

DEIXAR A PIA DO BANHEIRO SUJA: Segundo alguns notáveis psicólogos (dos quais agora não me recordo o nome, mas um dia eu lembro ou invento) aquela pia comum instalada no banheiro na verdade tem uma simbologia muito mais complexa, pois remete a pia batismal. Portanto, sujar esse religioso espaço é equivalente a macular o primeiro rito de contato místico e espiritual do ser humano. Essa é a verdadeira razão de nossa ira. Nós, mulheres, seres humanos altamente espiritualizados, adeptas da visão holística e conscientes do valor da máxima “mente sã, corpo são”, percebemos a heresia contida por trás do aparentemente inocente ato de deixar fios da sua barba infiel naquele símbolo branco de pureza. Resumindo: nada pessoal!

OS HÁBITOS FEMININOS QUE MAIS IRRITAM OS HOMENS

DEMORAR PARA FICAR PRONTA: E desde quando isso é defeito? É pura necessidade motivada pela nossa eterna dedicação. Estamos sempre tentando ficar lindas para vocês. Não tem absolutamente nada a ver com querer se exibir para a vizinha invejosa que está sempre secando nosso corpinho enxuto e cobiçando as roupas de grife. É tudo para agradar nossos amados! E todo mundo sabe que uma mulher com a autoestima lá em cima reflete sua felicidade debaixo dos lençóis. Portanto, o maior beneficiado é sempre o homem! Sem falar que existe outro Q de altruísmo nessa atitude. Maternais como somos, queremos dar aos machos a oportunidade de aproveitar alguns minutinhos de espera para enriquecer sua capacidade intelectual com a leitura de um bom livro, ou, quem sabe, praticar uns bons abdominais para diminuir a pança de cerveja. E no final das contas ainda somos acusadas. Que injustiça!

RECLAMAR QUE ELE NÃO FAZ NADA: Querido, se Deus não tivesse colocado a Eva na vida do Adão a humanidade ainda estaria vestindo folhinhas e passaria o dia coçando o saco. A reclamação feminina justa e fundamentada é a mola mestra que impulsiona a atividade física e intelectual. Somos, na verdade, as grandes incentivadoras, as maiores responsáveis pelas extraordinárias invenções e conquistas registradas na história. Pode ter certeza que quando Isaac Newton estava debaixo daquela árvore esperando a queda da maçã que culminaria na descoberta da teoria da gravidade, com certeza estava fugindo refletindo depois de ouvir sábias considerações de sua extremosa esposa.

ENTUPIR O RALO DO CHUVEIRO COM CABELO: Essa é fácil. O fio do cabelo é composto de queratina, uma proteína constituída de 18 aminoácidos, além de lipídios, ceramidas, vitaminas e minerais que conferem lubrificação, maciez e brilho. Tudo muito perfeitinho! Então, meu bem, não estamos fazendo nada mais nada menos do que oferecer uma hidratação grátis àquele ralo velho e fedorento que o marido demora séculos para criar vergonha na cara e mandar trocar.

ASSISTIR AS NOVELAS: Eu poderia estar matando, roubando ou me prostituindo. Mas nãooooooo!!!!! Estou aqui, humildemente, assistindo minha novelinha e olhando pro gato do Cauã Reymond com os olhos desprovidos de malícia de uma filantropa unicamente preocupada com o sofrimento do coitadinho, envolto no mundo das drogas. Um aspecto puramente social! Sem falar nos fatores econômicos em torno dos capítulos do folhetim. Eles geram emprego e renda! Enquanto isso o reclamão bebe cerveja e arrota em todos os idiomas. Egoísta!

ACUMULAR PERTENCES: Um objeto é muito mais do que um objeto! Um vestido, um batom, um clip vermelho fofinho, tudo tem inestimável valor sentimental. E tem mais: que namorado gostaria de saber que o papel do primeiro bombom que deu de presente para sua amada foi parar no fundo escuro e vazio de uma lixeira? Não é acúmulo, é RESPEITO ao equilíbrio do universo, onde tudo e todos tem sua devida importância. Só nós mulheres, sensíveis e delicadas, para compreendermos tais questões metafísicas.

Bom, aqui termina minha análise exclusivamente objetiva e científica. Repito: dotada dos mais elevados padrões de ética e imparcialidade. Minha intenção era tão somente a de desenvolver o espírito crítico individual e coletivo e contribuir para a derrubada destes mitos e generalizações infundadas relacionadas às acusações improcedentes feitas contra as mulheres. Bem como reforçar os argumentos que comprovam as vaciladas dos homens. Tudo muito justo e equilibrado, cuja natureza informativa poderia ser bem aplicada pelos machos no sentido de criarem um ambiente doméstico bem mais agradável. Mas enquanto esse milagre não acontece, vou eternizando meus registros para as próximas gerações.

Um beijo fófis para todos!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sexo! Eu quero é sexo!

Será que o mau humor dela é por falta de homem?

Calma, nada de pânico. Os mais pudicos contenham o sermão: não estou oferecendo favores sexuais. Os mais saidinhos, por favor, desmanchem a fila e vão catar coquinho!

Comecei o post com esse trecho da música da banda “Ultraje a Rigor” (bastante popular nos anos 80), por duas razões: a primeira, porque a pesquisa pelo termo “sexo” retorna milhões de ocorrências no Google e tenho esperanças que meu humilde bloguinho seja visto por algum coração devasso em meio ao mar de pornografia; a segunda, porque queria de cara quebrar esse tabu de que mulher decente não pode falar sobre isso. OK! Não sou tão decente assim, mas valeu a tentativa. Vai que cola?

O gênero da minha reflexão, dentro deste universo em expansão de safadezas e afins, surgiu por conta de uma piadinha machista constantemente repetida pelos machos alfa de todas as esferas sociais: se a mulher está estressada, é por falta de homem. Em outras palavras, por falta de chamego. Se a cunhã é comprometida, é porque o sujeito escorrega na palha; se é solteira, é porque não tem quem a queira (até rimou). Uma grosseria que só perde para o diagnóstico de TPM ou menopausa ante o menor sintoma de mau humor, como se acumular serviço doméstico, profissional, intelectual e ainda arrumar tempo pra se cuidar não fosse suficiente para deixar qualquer cristão emburrado de vez em quando.

O curioso é que os homens, em sua constituição básica, prática e apegada à rotina, são muito mais suscetíveis aos mínimos aborrecimentos quando alguma coisa sai do roteiro do que nós. A maioria detesta esperar, são ranzinzas no trânsito, impacientes e apressados. Já pensou se cada sinal de rabugice masculina fossemos atribuir à falta de mulher?

Bom, mas chumbo trocado não promove a paz. E não tenho intenção alguma de pintar os homens como criaturas arrogantes e insuportáveis (até porque a maior parte já consegue fazer isso sozinhos, com bastante eficiência). Portanto, vou me ater a discussão deste tema lascivo dentro do âmbito feminil.

A educação repressora é responsável por incutir conceitos e parametros completamente diversos para homens e mulheres. Assunto, inclusive, por demais batido: meninos são educados para procriar; meninas para segurar o tchan. E aquelas que ousam agir diferente, são taxadas por singelos adjetivos impossíveis de serem publicados num blog de família. E o caldo entorna ainda mais quando entra em pauta um relacionamento firme, pois para a maioria da ala masculina existem basicamente dois tipos de mulheres: pra casar e pra curtir. E na lista de desqualificadas para o casamento, não raramente entram mulheres com várias qualidades, dentre elas com a sexualidade muito bem resolvida, o que na visão dos mais machistas torna-se um defeito irreparável para a condução de uma relação monogâmica. Como assim????? Qual é a lógica dessa constatação? Quer dizer que a condição básica para a fidelidade reside na frustração e na mediocridade sexual? Será que não seria o contrário?

Num vínculo realmente saudável, nenhum aspecto é ignorado. Há a felicidade afetiva, a convivência harmoniosa, até mesmo as realizações individuais que se refletem positivamente na vida a dois. E o sexo? Fica de fora? Muito pelo contrário, é essencial. Uma necessidade física e psicológica. Não é por acaso que o êxtase é uma das sensações mais incriveis que alguém pode experimentar. É sinônimo de prazer, alegria, contentamento, uma sensação para ser plenamente vivida e repetida pelos dois com igualdade de satisfação, sem estabelecer limites de deleite para cada gênero. Isso não existe! Ou pelo menos, não deveria existir.

A verdade é que uma parcela considerável de mulheres, principalmente das gerações anteriores (nossas mães, avós e lá vai bala), nunca na vida soube o que é um orgasmo. Limitavam-se a suprir os desejos de seus maridos e contentavam-se com a serventia de procriar. Há quem diga que essas mulheres eram mais felizes do que as de hoje e sua condição submissa e ignorancia quanto ao prazer que desconheciam, lhes conferia uma existência mais modesta e tranquila, razão que possibilitava aos casamentos durarem 40, 50 anos, a vida toda. Acreditem, eu ouvi esse tipo de declaração bem recentemente. Mas alguém, por acaso, perguntou se esses casamentos eram felizes? Mas o que importa ser feliz, não é mesmo? O importante é ter marido!

Felizmente a emancipação feminina também mostrou seus resultados no campo da sexualidade. Mas ainda existem muitas mulheres que embora profissionalmente e intelectualmente realizadas, são sexualmente reprimidas. Ainda se norteiam por parametros que comprometem seu equilíbrio. Algumas, esforçam-se para corresponder a certas expectativas, porque sonham com uma união duradoura e temem parecerem ousadas e perderem a chance de firmar um compromisso ou afugentar os pretendentes. Outras distorcem a coisa toda, passam da dose e se prestam a meros objetos sexuais, cultuando o corpo em detrimento da personalidade e do bom senso, pois julgam ser essa a forma eficaz de dominar os homens e evitar o sofrimento infligido pelo envolvimento afetivo. Querem equiparar-se a eles, adotando comportamentos extremos e chegando à promiscuidade, passando a aderir àquilo que tanto condenaram.

Sexo é bom e com amor, muito melhor! E amor sem sexo é simplesmente amizade, carinho, por certo genuíno, mas não para um casal que quer cultivar e aproveitar a relação plenamente. A mulher precisa descobrir o próprio corpo e dizer, sem reservas, o que a agrada. Enxergar nos momentos íntimos uma espontânea e harmoniosa parceria onde os dois se regojizam por dar e sentir prazer. Não é pecado nem imoral gostar. Se assim fosse, Deus não teria nos dado a oportunidade de sentir prazer no ato. Cabe aos homens reconhecer que uma mulher fogosa não tem nada de vulgar, mas sim de feliz. E sorte do homem que tem uma mulher assim, compartilhando seus lençóis. Aproveita, camarada! Agora, se quer frieza, se atraca com uma geladeira. Com certeza, ela não vai te trair, no máximo o que pode acontecer é ela dar o prego na hora H. Ou você levar um baita choque, o que já é alguma coisa, melhor do que  não sentir nada.

Um beijo para as safadeeeeenhas de plantão e bom fim de semana!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Acaba com esse mau costume, cunhãzinha sem vergonha!

Palavrão é o cacete, pô!

Vocês devem estar estranhando o título da postagem. Mas estou num momento nostálgico, relembrando fatos marcantes da minha velha infância.

Essa fase áurea, vivida em plenos anos 80, foi marcada por psicose embalada pelos hits da Cindy Lauper. Eu era tão, mas tão cricri que me penitenciava durante meses quando deixava escapar um palavrão inocente, do tipo “pitomba” (vai lá saber porque diabos isso pode ser considerado palavrão, mas era assim que mamãe me reprimia). Caso saísse, num momento de fúria insana, algo mais cabeludo, nem conseguia dormir imaginando que os Cavaleiros do Apocalipse viriam me arrancar da cama e me jogar no fogo do inferno.

A personalidade controladora da minha mamys (herdada genética e culturalmente por esta que vos fala), contribuía para a eterna sensação de culpa. E o mínimo deslize já era motivo para eu escutar essa célebre frase. O que denotava que o hábito faz o monge e o palavrãozinho fugidio de hoje faz a Dercy Gonçalves de amanhã.

Com o tempo e a emancipação precoce (saí das barras da saia da mãe aos 14 anos), vendo ainda que escapei ilesa de alguns “p.... que pariu”, fui relaxando mais até alcançar um certo patamar de liberdade e rebeldia. Por um lado foi bacana. Eu nem de longe queria ser aquela criança insegura, que vivia com medo de tudo. Mas agora, mais amadurecida e depois de ter levado umas pancadas da vida, vi que a mania delirante de minha genitora tinha lá seu fundamento.

Os princípios aplicados para reger nossas vidas, moldados especialmente na infância, provavelmente nos acompanharão por toda a existência, mesmo quando ignorados. E à medida que o tempo passa nosso desenvolvimento moral vai se firmando, dentro do universo individual de cada um. É um processo natural de amadurecimento, construído de forma interativa, com influência exteriores do ambiente, do contexto, das experiências particulares e de convivência.

O problema é que certas influências e experiências não são assim tão positivas. E é inegável o alcance da mídia nos conceitos aplicados à convivência social e aos valores pessoais. Com o toque publicitário correto e a estratégia de divulgação ideal, certos comportamentos e ações antes consideradas inadequadas, de repente, tornam-se exemplos a serem seguidos. Lembro, por exemplo, da antiga propaganda da Marlboro, onde os atores escalavam montanhas, praticavam esportes e depois se deleitavam com a “saudável” sensação de tragar um cigarro, quando na realidade um fumante sequer tem fôlego para subir um lance de escadas.

Mas embora concordando que as peças publicitárias devem ser reguladas por normas éticas e a informação inverídica (como era o caso dessa propaganda) mereça a devida punição, por induzir o consumidor ao erro, não posso negar que também acredito que essa influência midiática tem sua raiz muito mais na nossa fraqueza do que no nosso pretenso desconhecimento.

Afinal, desde criança escutamos falar que o cigarro faz mal pra saúde, presenciamos casos de pessoas vítimas de doenças terríveis por causa do fumo, mas quando QUEREMOS fumar, nosso cérebro, numa tentativa de tendenciosa preferência, elege a informação que mais se adequa ao nosso desejo, que é o aspecto legal e descolado do hábito.

Não estou querendo julgar ninguém, até porque também fumo e falo com uma certa propriedade. Só estou tentando dar o devido peso a cada coisa admitindo que o poder que a mídia tem sobre nós, em parte, é por nossa culpa.

O ser humano sempre buscou a liberdade como um bilhete dourado. Mas o conceito de liberdade sem limites nem conseqüências é uma utopia! Somos presos às regras de convivência social, aos direitos de nossos semelhantes e, principalmente, a nós mesmos, porque toda ação gera uma reação na mesma intensidade. Não há como fugir disso!

Por isso, acho que o autoconhecimento é a primeira etapa de quem busca o verdadeiro ideal de liberdade. Porque de nada adianta tentar fugir de si mesmo, se jogando no mundo chutando todas as regras. Em determinado momento você mesmo irá se cobrar, isso se antes não for cobrado pelos outros, quando nessas loucuras infringir o direito alheio.

Se a pessoa procura se conhecer dia a dia, ela consegue separar o joio do trigo e descartar da sua consciência programada certas cobranças sem sentido incutidas pela educação repressora secular e eleger aquilo que realmente serve pra você e que vale a pena ser cultivado como bons hábitos. Enxergando assim, esses princípios deixam de ser amarras e constituem-se na verdadeira autonomia do ser humano que constrói sua própria fortaleza de caráter e personalidade, cujas influências exteriores ou mesmo as interiores (geradas por sentimentos de culpa infundados) não são capazes de abalar.

Só não espere que isso seja obtido num passe de mágica. É um exercício diário, um hábito que deve ser exercido e relembrado até que se torne natural. Eleja suas diretrizes, escolha seu caminho e norteie-se pela emoção raciocinada para não ficar largada no mundo como folha ao vento. E permita-se relembrar diariamente esses objetivos, porque o que não faltarão serão desvios no meio da estrada. Mas tudo isso numa boa, porque um palavrãozinho aqui e acolá também não mata ninguém. A não ser que você esculhambe o Maguila. Aí, bebê, é o fim da linha pra você. Entra na fila da reencarnação e pede pra nascer muda da próxima vez.

Beijão!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vou não, quero não, posso não...


Domingo ensolarado, sem muita coisa pra fazer a não ser curtir a beleza do fim de semana.

Zapeando na Internet, decidi dar uma olhada no YouTube nos clipes toscos da Música do Aviões do Forró: “Vou não, quero não, posso não”. Fiquei rachando de rir. Baboseira pura, mas é divertido. E o que seria da vida se não existissem essas futilidades pra nos entreter? Ri mais ainda dos comentários postados nos vídeos pelos membros da “Associação dos Cricris de Plantão”, criticando a alienação dos jovens que produziram o besteirol e desferindo teses acadêmicas sobre a falta de cultura das massas. Só não entendi como eles chegaram até os tais clipes. Será que havia links nos sites do Paulo Freire que eles costumam acessar? Bom, é melhor deixar pra lá.

Quanto a minha curiosidade, essa foi motivada pela popularidade que a composição alcançou entre as pessoas comprometidas. A música virou uma espécie de hino dos infelizes homens casados, sufocados pelo mandato ditatorial de suas tiranas esposas. E o refrão é usado em tom de provocação entre colegas que se permitem esse tipo de brincadeira, naquele tipo de espirituosidade comum principalmente entre o povo nordestino.

A letra, embora inquestionavelmente jocosa, reflete a impressão geral de que o casamento só é vantajoso pra mulher. Para o homem, vira uma prisão, que o priva das liberdades deleitosas da fase de solteiro. Uma visão amplamente aceita e incentivada por todos: machos e fêmeas.

Mas, curiosamente, as pessoas continuam casando. E não me recordo de fatos verídicos envolvendo homens que foram levados ao altar escoltados pelo delegado da cidade depois de “mexerem” com a filha alheia. São lendas dos tempos coronelistas encenadas em casamentos juninos matutos, por sinal, muito engraçados. Na prática, o que acontece mesmo, é que as pessoas, embora critiquem a instituição e dêem mil e um motivos contra, ainda se casam. E muito. E lógico, também se separam.

Mas estudos comprovam que o homem sofre mais com a separação, contrariando a idéia de que o casamento é um tormento para eles e um paraíso para elas. A psicanalista e sexóloga Regina Navarro, que conduziu um estudo sobre o assunto, afirma que os meninos desde cedo são estimulados a se afastar da mãe, incentivados a cultivar a independência desde a infância e crescem tentando negar que dependem de uma mulher. Quando adultos, constroem aquela imagem do durão que não quer casar, mas ao ingressarem numa relação duradoura ficam dependentes e sentem-se desamparados durante a ruptura. Por isso, é muito raro um homem propor a separação. É bem possível que até ame menos que a mulher, mas são muito mais apegados ao convívio e ficam perdidos com a perda da rotina. Para mim, o estudo só comprova uma constatação prática.

Lógico que o casamento, como toda e qualquer escolha de vida, gera uma perda. Ou você acha que a mulher não sente saudades de quando era a princesa do lar, com um pai fazendo suas vontades e a mãe pondo um jantar gostoso sobre a mesa quando ela chegava em casa? Embora a vida moderna tenha levado os casais a dividirem mais as tarefas domésticas, o mais comum é que a mulher ainda assuma a maior parte dos afazeres do lar, mesmo trabalhando fora. Mas as pessoas não casam pensando nisso (até deveriam pensar, antes de dar o passo decisivo). Elas querem casar porque desejam ficar juntas, estão apaixonadas, é um passo natural. Se vão existir dilemas, antes ou depois da decisão, paciência! É assim mesmo. São indagações que fazemos enquanto seres  humanos, dotados de pensamento crítico e influências exteriores. Sócrates já dizia: Casar ou não casar – você sempre lamentará!

O maior problema dos casamentos, a meu ver, não são as opções que se perdem ou a saudade da vida de solteiro. São as expectativas que geramos para a união, como se tivesse de ser uma simbiose, com os dois se fundindo num mesmo ser e anulando a individualidade em favor da constituição de um modelo ideal (e falido, diga-se de passagem).

Casar não muda quem somos (pelo menos, não deveria) e, PRINCIPALMENTE, não muda o outro. Temos de continuar a cultivar nossos pensamentos, diretrizes, trabalhar pelos nossos objetivos. Sem, é claro, partir pro terreno do enfrentamento e impor arbitrariamente nossa vontade, mesmo que não faça sentido, só porque é a NOSSA vontade. Os homens fazem isso conosco há séculos e detestamos. Portanto, nem devemos permitir que nos tratem assim, nem devemos fazer o mesmo. Como disse, casamento é uma escolha. E como escolheram viver a dois, sejam flexíveis para conversar e propor idéias sem violentar-se nem atropelar o parceiro. Esse equilíbrio é a chave para a mudança desse conceito deturpado e ridículo do casamento como uma prisão, que por sua vez gera o sentimento de posse (diga-se de passagem, principalmente nos homens) que é o responsável por tantos crimes passionais cometidos por cônjuges.

Recado dado, vou indo. Vou sim, quero sim, posso sim, porque meu marido não manda em mim!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sob o véu da Felicidade

A felicidade não existe pra ser escondida!
Bom dia, seres carentes da minha sabedoria!

Apesar da arrogância explícita, fruto dos exercícios de autoconfiança que venho praticando, estive preocupada enfrentando alguns problemas com a justiça. O FBI e a equipe do CSI foram até minha casa interrogar-me sobre o último parágrafo do post anterior, onde declarei abertamente a intenção de entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Com base nos textos e no perfil da blogueira, o Grisson concluiu que eu era uma mulher bomba, perigosa ameaça potencial para a segurança da nação. A deles, é claro, porque o Brasil pode explodir que nem se importam!

Passei duas horas tentando explicar que meu desequilíbrio mental não tem nada a ver com ódio aos ianques. Mas só desistiram de me levar para Alcatraz quando assinei um termo me comprometendo a jamais por os pés em solo americano. Portanto, órgãos de imprensa interessados em me contratar, descartem a possibilidade de correspondente jornalística nos Estados Unidos.

Explicações dadas, vou adentrar no tema de hoje: a modéstia. O escritor francês Marcel Jouhandeau escreveu que a modéstia não passa de uma espécie de pudor do orgulho. E se quer saber, concordo com a afirmação.

Acredito que essas frases de efeito ou expressões usadas para “suavizar” o sucesso ou autoconfiança visam adequar nossa felicidade à opinião alheia, que geralmente nos é desfavorável. Afinal, justificamos e pedimos desculpas antes de declararmos a plena satisfação que desfrutamos diante de reconhecimentos e conquistas. Agora eu pergunto: porque isso? De que adianta esse eufemismo às avessas? Por acaso ele muda o sentimento real de deleite que transborda pelos poros?

O ser humano é tão negativista que chega a acreditar que exibir felicidade é um “mau presságio” e atrai inveja e olho gordo que atrapalham seus planos. Pura bobagem! Em termos de energia, não acredito que os opostos se atraem. Mas que uma força ruim tende a atrair outra no mesmo padrão vibratório e intensidade. Então como esperar que as coisas deem certo se o sujeito prefere chorar miséria a admitir que tudo caminha às mil maravilhas? O curioso é que o indivíduo que age assim é o mesmo que, quando envolvido em problemas, se esforça em aparentar contentamento para não dar munição aos invejosos. Ou seja, se tá bem, tem que mostrar o contrário, para não atrair infelicidade. E se tá mal, precisa fingir que está bem, senão piora. No final das contas, está sempre lascado. Vai entender!

Com as mulheres, essa culpa por sentir-se feliz é ainda mais incisiva e costumamos negar, esconder ou minimizar nosso talento, nossa vitória, nossa alegria. Dizem as más línguas que é fruto da despeita feminina, da torcida contra que as fêmeas organizam em desfavor do seu próprio time. No entanto, prefiro ser mais abrangente e acreditar que é a tendência humana em enxergar ou criar um lado negativo para as coisas. E que as mulheres, por serem culturalmente condicionadas a dar ainda mais importância à aprovação social, acabam elevando essa sensação ao crer ser essa pose de modéstia, a ideal.

Acho que ninguém precisa ser uma “sem noção” egocêntrica, em que todos os fatos, todos os assuntos e todos os indivíduos lhe concentram as atenções. É irritante, para não dizer ridículo. Mas a vida é um espelho, onde as pessoas refletem a imagem que você tem de si mesma. Se for um espelho meio distorcido, embaçado, apagado, não espere que os outros sejam capazes de enxergar a imagem nítida de uma mulher positiva e autoconfiante.

Portanto, garota, nada de ajoelhar no milho só porque se regozija pelo bem-estar. Momentos assim são raros e tem mais é que ser bem aproveitados, sem a máscara hipócrita que não acrescenta nada à vida de ninguém: nem à sua, nem à dos fiscais de plantão!

Boa quinta-feira procês!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Princesinha do pop, que nada!

Essa é a capa do livro, símbolo máximo da heresia no século XXI.

Li a biografia da minha diva platinada Lady Gaga (acreditem, é um livro, não um poster da Revista Capricho). Excetuando-se a intensão do presente, que foi a melhor possível, o nível da obra frustrou minhas expectativas.

OK! Sei que a maioria deve estar imaginando que a história de vida de uma criatura que há 2 anos o mundo nem sequer sabia que existia, não poderia encher 2 páginas (com espaçamento entre linhas duplo e fonte tamanho 16). Mas não admito uma infâmia dessas dirigida àquele poço de criatividade e ousadia, envolvido pelo invólucro dourado da publicidade. E nem sonhem em criticar minha narigudinha linda porque todo mundo sabe que a imprensa é o 4º poder e agora, além do Blog, tenho também um Twitter (@feministadearak) e o Orkut já está sendo concebido. Portanto, mexer comigo é praticamente como enfrentar o grupo Roberto Marinho. Eu não faria isso, se fosse você. E nem me venha com essa história de cobrar democracia, porque é por causa dela que o Collor voltou.

Voltando ao livro (vocês já devem estar acostumados com minhas divagações), a tradução foi estúpida e a quantidade de vezes que a autora repete que “a garota sonhadora nunca desistiu de tentar” chega a ser ridícula. Um clichê tão desinteressante que bastaria trocar o nome da Gaga e por no lugar o da Maria da Graça Xuxa Meneghel para obter uma obra customizada, em tempo expresso. Até porque, em termos de ousadia, o passado da Rainha dos Baixinhos não deixa nada a desejar a gogo girl maluca (vide “Amor, Estranho Amor”). Xuxa 1 x Gaga 0.

A revolta pela injustiça cometida contra o passado da minha “ídola”, que teria dado um livro bem cabeludo, me instigou a mergulhar de cabeça na faculdade de jornalismo. Ah, quanto a esse assunto, esqueci de comentar que no 1º dia, ainda como “bicho do mato”, entrei muda e saí calada, até porque um ser maquiavélico como eu precisa sentir bem o terreno antes de meter o pé na lama. Mas depois de 2 semanas na obscuridade, já sou adorada por todos, cumprindo as primeiras etapas dos planos malignos de dominação mundial.

Bom, encerro o post pedindo a galera que compartilha do meu refinado gosto musical que, encarecidamente, não contribuam com um centavo na divulgação dessa obra herética que equiparou Lady Gaga à Carla Perez. E se é pra gastar seu suado dinheirinho com esse livro difamante, é muito melhor contribuir para a formação acadêmica desta que vos fala. Prometo que, com o canudo na mão, entrarei ilegalmente na fronteira dos Estados Unidos e reescreverei de forma brilhante, genial e modesta uma biografia digna desta musa. Afinal, todo mundo sabe que sou “a garota sonhadora que nunca desistiu de tentar”.

Po-po-po-poker face pra vocês também!