Tadinha da cunhã... |
Incrível o que nós, Feministas de Arake, orgulho da nossa espécie, somos obrigadas a aguentar!
Depois de uma manhã de trabalho extra em pleno domingo, fui gentilmente convidada pelo meu amor para um almoço. Ele, muito bem vestido, vindo de um compromisso, e eu de short e camiseta.
Chegamos ao restaurante e o povo olhou e pensou: lá vai o executivo com sua amante do intervalo das refeições. Claro que aproveitei o ensejo para embarcar no clima de pura sedução e chamei-o para ir ao espaço reservado, atiçando a curiosidade e gerando especulação.
No reservado, o garçom liga a TV no único canal que estava pegando e que naquele instante transmitia a Fórmula Indy. Que eca!
Mas meu desgosto logo deu lugar à empolgação quando percebi que em um dos veículos abertos, que traziam os pilotos na volta de apresentação, havia uma mulher de macacão amarelo, ao lado daquele que parecia ser seu colega de equipe.
Entusiasmada, mostrei a moça para meu marido que, com seu peculiar tino estraga-prazer, me disse que ela era apenas uma mulher qualquer, namorada do piloto.
Revoltada, respondi que isso era impossível, já que pela leitura labial e gesticular constatei que a bonita era uma profissional que discutia tecnicamente os detalhes do circuito com o companheiro. Se fosse namorada estaria com um sorriso de orelha a orelha, dando tchau de miss pra multidão, conversando com o amado apenas para falar sobre o novo corte de cabelo da Victoria Beckham (e o quanto isso iria custá-lo), e dirigindo olhares furtivos para o circuito no intuito de identificar as curvas perigosas onde seu namorado poderia morrer estatelado abrindo caminho para que ela ficasse famosa e rica como a viúva que escreveu um livro sobre os 17 dias em que passou ao lado de um grande herói das pistas.
Não demorou muito para que meu refinado senso de observação fosse atestado, pois o locutor começou a falar sobre a única corredora a disputar a prova entre o macharal: Bia Figueiredo.
Lógico que a essa altura eu já estava com o IPod na mão pesquisando tudo sobre a carreira da cunhã antes que alguém sonhasse em tentar desmerecer a minha lindinha, e repeti, orgulhosa, os feitos que marcaram seu nome no cenário automobilístico internacional
Felicíssima, assisti a largada, ainda que a Bia não estivesse lá numa posição tão privilegiada. Por mim, estava satisfeita só por ela sair à frente dum monte de caras. E fiquei na torcida, gritando: “Me dá um B, me dá um I, me dá um A”, enquanto pensava seriamente em tatuar o nome dela em hebraico na minha nuca, até que, na primeira volta... o carro quebrou!
Lá vão parar tudo para dar início à relargada enquanto rebocavam o carro da pista. Claro que neste contexto o almoço do meu esposo estava saborosíssimo, temperado pelo doce sabor do triunfo. Por isso, só tenho uma coisa a dizer em defesa da minha diva da velocidade:
Cambada de mecânico frustrado, parem de sabotar o carro da Biazinha, porque nem que o carro quebre mil vezes, vocês nunca ocuparão a vaga de piloto dela. Se conformem em ficar aí sujando os dedos de graxa e vestindo macacão de segunda categoria e pelo menos façam o serviço de vocês direito. Por causa da incompetência de vocês tive de ouvir duas horas de piadas sem graça sobre os tipos de máquinas que as mulheres estão aptas a pilotar - fogão de no máximo 2 bocas, lavadora semiautomática que não tenha muitos botões para programação e etc.
Mas independente do resultado TEMPORÁRIO desfavorável, estou contigo e não abro, Bia Figueiredo. Sei que a essa altura você está belíssima curtindo a sua fossa numa cobertura de luxo, tomando um Dri-Martini enquanto seu namorado modelo de 22 anos lhe faz uma massagem repetindo o quanto você é maravilhosa e lembrando que na segunda vence o pagamento da mensalidade da Escola de atores em que ele está inscrito, enquanto esses machistas despeitados dirigem um carro popular 1.0 financiado em 72 meses.
Beijo, linda, sou sua fã! *-*